2 de out. de 2011


Nós descobrimos a morte por obrigação
e tratamos de levar a vida pelo acaso;
entre ambos reside portanto o vácuo,
a vida sentida, tateada, o escuro barraco.
E no barco que vai navegando
sem saber muy bien pra que lados
vão cedendo todos os resmungos
do mundo sujo, os marujos natos;
Largando no porto uns
das dolores comuns
de amor imenso, irrelevantes casos
ou saltando pra proa alguns
pequenos grãos da dor
que os ventos trazem cumulados.
Há passagens pelas pedrinhas da felicidade breve
que tornam a onda insensível do tempo
mais digesta de um acesso lento,
quebrado,
da saudade.
E ainda que seja inteira a manhã do esquecimento
em bloco o gelo solto, nas jogadas de sorte
farejam o medo e os nossos finos cortes.
Os cubos brancos, cujos flancos, frios e coloridos
espumas, espasmos de brincar, amistosas
forjam de tudo para tentar tingir os ácidos sentidos
que não me saiam dos sonhos vivos, de cor saudosa.

Mesmo que eu esfregue a minha vista grossa
com a vistosa paisagem que rompe a lente
a ilusão redonda e brilhosa que venerei senhora
vai-se embora, me está ausente.
Está partido o mar de sonho
salgado, fundo e denso é o desespero de tantos
de reafirmar ser seca e pouca a fé de de todos anos,
que está doente.
Aguardam todos que a danada falsa e chique
abarrotada dos perfumes dos vivãns
percorra trajeto imundo e fique
borrada de vez com o manso amanhã
que a mente inventa, nos dias mais tristes.
O eldorado.

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