25 de fev. de 2012

Passeio Atlântico


Tem uma ponte aí embaixo


não tem mais.

Tem um homem aí embaixo
deitado


não tem mais

Há um espaço entre ele


e o resto do munduniverso;
não há mais;
já estamos quase lá.

Há um homem em cima da ponte     

no

hay

más


desceu torto
todo o concreto.

Já está tão bom que nem mais luta; talvez
pra dizer que há, houve um dia-
e que tem de haver...
tem de haver...
passagens cheias d'água. Lugar.






22 de fev. de 2012

Lixhomen













Homem, o lixo!
lhe chamou o homem
caçando lixas as unhas lhes esfregam
pescados cardumes ao lixomen entregam.
Foi mulher também;
lixomen perdeu a idade e os dentes.
Tudo vem do preto
vendo afresco-
dos sacos vultos dos becos
é o lixo e o homem sujeitos à luva
dos coletores legais;
Eu olho pro lixo
mais de uma vez pra me ver homem
entulhar meu nariz e sorrir,
por entre do ente de mais ser
o nada mais polpudo.
Enxame à fome.




fotos by Henry-Cartier-Bresson:
http://alafoto.com/listing/thumbnails.php?album=41

21 de fev. de 2012

Camila


Ela se engraçou com o verseiro
e queria um verso por dia
Camila, solitária encosta
não é de vidro toda pedra em que espia;
o navio mordido de corsário roça,
e invade plantações...
Mas Camila quer sempre safra nova
e nasce o trigo de uma vez toda
e ela chora...
O verseiro, Camila,
não é chuva boa
semente ou trator de arado
O fazedor, Camila
é tubarão a saltar pra proa;
pra estar do teu lado
o faz-te-cor,
traste-dor é praga
que só pousa, lentamente,
em ti quando inundada
E viste, foi a última que trovoou lá fora, Camila. Noite calada...

16 de fev. de 2012

0574829987/flores


Não compre flores:
as adote
asa-dote
às a dote.
Escolha
ex, colha!
ex-colher caduca
é o jeito de viver a poda;
poda!
pode a
que a possa pôr fora;
é pó dar
de água
ou de ar
odiar
e oscilar
à terra.
vá-se embora
rosalinda
rosa ainda:
cara flora,
limpa dentro
li pra dentro
suja fora.

14 de fev. de 2012

LÍTIO



A bateria do meu corpo está fraca
fica com sinal de ampola,
ampulheta gasta;
ralando o tempo com alguma coisa
que não é um umbigo de tudo,
mas talvez um negócio obsoleto e impróprio
de te pensar
como cordão, útero e carne
de pen dente de tu
à água,
centro do mundo
em duas, bem duras
as suas partes.

11 de fev. de 2012

Alzheimer

Alzheimer



Ele é só uma criança grande rubra polaca
que dança de neve no sky do father.
não falta a ele nada que não seja o juízo
que mede o sete do cinco medidas de nada.
Já teve a tara de se indispor a frente, vante o vento
chuva e sol
planta e tempo;
já foi peão, cavaleiro e moinho;
mas agora se agita como sino, com hora marcada
para quem o espelho não serve de nada;
com certa tosse,
apresenta limão nas palavras, Palavão
A enfermeira Maria limpa a sua baba
babalorissá que diz que fora. Lenços flancos correm pela bunda;
Talvez gema para nascer a mais, um sound, ou um café doce,
para retornar ao esquecido universo do Asilo Almanaque das Coloridas Invenções. Sono. O que é mesmo uma poesia? Te amo, Maria, que eu não saber quem sabe, ou ainda quem ao menos somos. Doença minha.

Sobre o Autor

Arquivo do blog