26 de dez. de 2015

Amor



AMOR



Amor é fogo que arde até acabar o gás

(Troca o gás,

 Amor, troca o gás...

 Porra! Ou troca o amor ...)  

É ferida de quem ainda não caiu

(Tem mertiolate na caixa da cozinha!)

É contentamento de quem não possui dentadura

(Precisamos ir ver os teus pais)

É dor ensinada para ser curtida,

E como ensinam ...

É um não querer uma tv nova agora

Para poder ajeitar o carro

É um andar nas pontas dos pés para não despertar o maldito na madruga

É um nunca mentir, a não ser para omitir os maus dias passados.

É um cuidar para que o outro perca as chaves para pois poder ser dito:

(Ó as chaves, tá aqui as chave ...)

É querer dormir a ranger o estrado da cama:

[Eis a vitória do bruxismo mais calmo e erótico]  

É servir polenta sem vontade nenhuma de que seja outra coisa;

É ter o quase nada a dividir e ainda dar risada do Banco.

Mas como se casar por amor,

Já que custa tanto pouco namorar sem saudade ...

Cada qual em sua cidade ...

 Sem ter rima, e sem ter flor?

(onlines)




Juliano Salustiano


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6 de nov. de 2015

Hit

Hit






Um hit pálido. Entre vários,
faz parecer que os anos horríveis
foram máximos.
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mimeógrafos não eram chiques
e a lama do meu bairro sem asfalto
não couberam não encanto do hit
nem na cor do dinheiro contado.

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Era a infância da Ganância Era
e dançar à luz do nada nos enchia
nem sabia, que por ânsia, já devia
florar com arcos no labor que o mundo espera!

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Um hit pálido. Entre vários,
faz carecer, entre momentos incríveis,
os que foram trágicos (?)

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Juliano Salustiano



27 de ago. de 2015

Contas (ou Matemático)




Matemático

O meu ódio não solverá nada,
o meu amor, tampouco.
O que necessito é saber
exatamente
o valor do que sinto.
E pedir tudo quanto me roubaram
de volta.
Poderei vislumbrar, como finalidade então, a beleza burra de uma chuva, uma flor.
Quem sabe a dor eu possa até lamber um dia,
depois de contar absolutamente tudo que me releva, materialmente.


Juliano Salustiano 






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17 de ago. de 2015

Manchetas futuras

Manchetas futuras.



Segunda fábrica de proteína artificial é Inaugurada em Moçambique e especialistas falam em "fim da fome".

O cientista Etíope Makkuff Ter Milá deu as boas vindas aos chefes das delegações da República da Coreia, do Tibete Livre Ocidental e de outros 35 países, além de representantes da Nação Científica da Constelação de Orion, que enviaram suas saudações via telepatograma, ontem em Maputo.

A fábrica situada no subúrbio da maior cidade do país, e atualmente a terceira maior do mundo, iniciou a produção baseada no “Método Pósitron”, que consiste na fabricação de todos o elemento químicos primordiais, desde os átomos até atingir a elaboração de moléculas de cadeia complexa, presentes nos músculos bovinos e nos já extintos frangos de corte. “É um avanço, pois teremos agora controle da produção do início ao fim, formaremos cientistas plenos, e isso já no segundo empreendimento” (sic) , declarou Milá.

Para especialistas, a “carne artificial” vai sanar o problema da fome, uma vez que o custo para produção do quilo da proteína é de 0,11 centavos de Libra Chinesa. Além disso, depois que a Nação de Orion implementou novas sanções contra guerra entre humanos, o acesso à comida não terá os atravessadores típicos das zonas de conflito, informou relatório da revista científica 'Think, pero obey'.

Makkuff será agraciado esta semana com o prêmio Miguel Nicolelis, concedido a pesquisadores que colaboraram com o conhecimento na última década. A transmissão da festa de entrega será em tempo real no próximo sábado para toda a via Láctea, via Aplicativo Manaus, e por telepatograma para as demais praças galáticas. 






13 de ago. de 2015

Sebastião


 

Sebastião



Estranho é ser herói
de alguém
Posto que, que gritando ferido
também me rói no chão do padecer
todo o deserto como choro da cara entocada
de um pedestal em estátua de sala; o que merece
o nulo da luta toda, então, além de um suor barato?
Moucos por de trás da porta, sem orelhas, a pedir respostas
fazendo seus rogares de surras
em que a única peste é sussurrarem sem motivos!
Estranho é o ser do herói
com bandejas e tijolos nas mão sem águas
e o velho humano, espírita e cobarde
no escritório de metal e carnes
fica como de cócoras, 'quel'alma isolada
debaixo da última mesa, onde ocoa surdo
o pesar e o acorde consciente da sua puta dor... Cópias de Xerox.
(Todo existir de ser de Sebatião é um horror de não saber; e o não saber
dos tolos que tudo dele-em-mim aqui desejam: sorrisos, curas, intervenções...
Porque pra'lém de toda marcha imperial há poeira e pés bailados,
e é só o povo quem tem amor aos calos... Pois só, cada um da multidão se detesta,
se recrimina
e quer um paraíso em espelho para encanar a víbora vontade … Verdades somem
neste embalo de imagens tortas,
e o fantasma, onde o rei cuida de seu povo
que amamenta o rei,
que não ama nem rei (que é)
nem povo (que o faz)
nada para o mais deleite de estar com armas
e detido na noite, bebendo calmantes
à espera de ser chamado outra e outra vez
e vir com a escova de dentes, entre os entes
para acalmar uns prantos ridículos e incríveis
E não só um, uns tantos
o eu, o ninguém – perdidos – ; mas querem lá
estes
médicos,
mestres
ou o homem que mata baratas, e apague com as mãos de vez a luz,
simplesmente,
como que não se importassem se és tu, (e sou!) Um enorme louco
que só falta uivar de tanto coçar e caçoar dos dias,
ao abrir um riso de século
em gordas latas de refrigerantes.
(à salvação!). 


Juliano Salustiano

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13 de jun. de 2015

O ícone @




O ÍCONE

O ícone está morto. Bandeiras ao lado; elas ficaram em pé por tanto tempo, quase aladas na ignorância dos nacionalismos, que ninguém teve a coragem de sacar nelas meio pau, elas permaneciam como se o herói nacional ainda estivesse vivo. Foram recolhidas todas as janelas com cortinas azuis e largas, que involuntárias diriam que o povo já nem tinha pretexto pra corar os dentes; Os estudantes da nossa pátria já não se sentiam contentes em decorar fórmula alguma; projetos, nomes, carreiras, diplomas eram todos encerrados com bruta calma no país brasil. Sim, calma, porque não existiu berro ou revolta. Nem assim! O ícone estava morto, e não havia mais razão nem para briga: o ócio e o movimento viraram um coiso só nas avenidas, sendo que o trânsito ficou estático no vazio do zero por hora. Poucos pedestres riscavam as faixas dos centros das cidades, e o setor financeiro era só o luto dos papéis sem valor de ação de uma economia colapsada. Para quem e o quê vender, além das caixas de faixas negras, comprimidos, metade e inteiros para curar o choque pela morte? Parcelamentos ficaram subitamente inúteis; não se sentiam vontades de se pôr brilhos nos braços nem nos olhos. Roça, nem sequer metrópoles daqui.

Um guarda aposentado reapareceu no seu posto na Rua Mercúrio, falaram, pra tentar fazer contravenção ao pessimismo da família e foi enxotado pelo vento e o silêncio dramático do que parecia uma cidade do interior, até antes da tragédia passada, uma cidade grande; agora é Agosto, e poucas coisas ocorrem fora da curva. Os homens e mulheres e os que há entre eles ficam em casa a lamentar um passado de glória, sedimentando a falta do ídolo, céticos de sua saída deste mundo. Esperam notícias, vasculham páginas de internet, ligam e desligam o rádio. Só podem estar mentido, só podem, não é crível, é sabotagem, gritam alguns no buraco de oito milhões e meio de quilômetros quadrados, um fosso na crosta do mundo;um lugar que nunca quisesse ser descoberto ou maltratado. O guarda fechou o portão que ninguém arrombará. Não há a quem pedir perdão ou simular. Açoites para quem, agora, na nossa costa, Deus? Nas nossas costas, não...

A manutenção de rua já começava a faltar nos postes de luz, nos fios de telefones; ninguém conseguiria com racionalidade conectar coisas inertes se o que nos , o que lhes, o que se fazia importante se foi. Portões e porões de celas afrouxados. Mas, por curiosidade, não ficou ruim sair à rua. Na verdade, não se pode notar o que houve com precisão, pois o que tinha sobrado depois da morte era o viver, o cada qual pelo qual e si só. Vencidos sete semanas do fato, e o luto não acabou, não tinha acabado em nossa pele; o brasil não tinha se recuperado, e se perguntaria da necessidade de tal? Da falta daquela imagem? Toda piedade e afeto normais eram escassos exceto, e com muita exceção, pra dois Namorados na Sé deserta, olhando um para o outro num futuro sem espelhos e sem choro . O ícone estava morto.



Juliano Salustiano.  



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2 de jun. de 2015

Décimas do ladrão de carros.





Décima nua do ladrão de carros.

Peço perdão à rua escura
que no pecado me forjou –
ladrão de carros que eu sou;
mania que não tem cura –
onde estás você eu não tô!
Quem me dera na vida ter,
um Porsche e ser bem amado
mas ambos de cadeado :
vivo e não deixo viver
roubo e temo ser roubado.


Décima crua do ladrão de carros.

Peço perdão a essa rua escura
que no grande pecado me forjou,
do nada, ao ladrão de carros que sou.
Tenho a mania que não tem cura,
que é andar só e onde estás tu eu nunca vou.
Quem me dera nessa vida má eu ter
talvez um Porsche e ser bem amado,
mas atar a ambos com bom cadeado,
pois eu vivo e não deixo viver :
o ladrão rouba, e teme ser roubado!






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25 de jan. de 2015

De repente, 461 (anos) em décima porca, como as calçadas de São Paulo.


De repente, 461 em décima porca, como as calçadas de São Paulo.


Quando cheguei em São Paulo
A festança estava bruta
brotava cá a minha luta
com o matulão, o meu armário
fui o bolo de aniversário!
Mai'eu quase não tive tempo...
de na festa ter momento:
me comeram por repleto,
fui erguer um “morro-reto”,
[e] desaprendi a ser vento! 






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2 de jan. de 2015

Juliano's Thought – Duplo simples e torto. 93843281938149302000233#





Juliano's Thought – Duplo simples e torto. 93843281938149302000233#


Eu não preciso enxergar para me inscrever no dia
na minha imaginação eu desenho no marasmo da tábua fria – eu resenho a vida

troco as tintas e imunizo a vista e desfixo
dos deveres pro belo, vou proibido e arisco
do meu réu prazer sem culpa
ignorar inesperada insatisfação que pula

de coração,
em coração
a meu coração … Há um coração

Cheio de alertas no que peço, do que espero;

Falta tradutor para traduzir o certo
e certezas por inteiro para se traduzir
já que não se sabe quanto conformar de perto
sobra-se muita maquiagem a produzir

Maquio com os olhos, péssimos e brilhantes
de quem já cego pelas canseiras de antes
noiva infesta e borbulha através do mundo
toda a minha cara e braçadas n'água a me alastrar o rumo

Tanto seguro, no dorso lúcido da cidade;
tanto bruto no porto inseguro da vaidade

futuro de novo ( a ver-se da quina no cais)
o profundo, velho e sujo das calhas e corais

Renovado no tempo dos que não sabem
ele e eu, alma e couro que não se cabem
vivem plurais de um enorme e só, Juliano
em acessos de surf e jangada de um engano

Menos nau
menos mau, se não for pelo imerso,

que não derivo como barco honesto – boquiaberto
rezando fé por um vento primeiro
o que a palavra me der por sobra e inteiro:
a rebeldia à toa das contas de me possuir
em rio valente – absurdo – e aberto, que é existir.





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