Eu queria tanto, por tanto tempo
num período necessariamente escasso,
vestir essa casaca
sentir a carapuça do singelo,
do abraço cotidiano.
Queria apertar de uma vez esses botões
capitular da luz somente ela própria
ter a cara da tolice, como um boite aceso na noite
cruzeiro no bolso, um cheque vivo
o cheiro de satisfação.
Um sorriso no rosto,
a vida na mão do pipoqueiro
companhias no fim da tarde,
um corante vermelho
um passeio na praça
natural pra nossa saudade.
Sobra, porém, um aviso fosco
das confusões, das realizações tardias
das buzinas que nada vendem,
das falsas danças no vão da discórdia,
da mendigagem pelo próximo beijo,
sem blusa,
ausente
nos becos cinzentos da solidão.
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