31 de ago. de 2014

Exílio


Exílio


O sol é oriental
já não consigo viver com ele
abraçado só com a luz que me deste, aquela,
quente outro dia,
e outro tantos dias com que te fui ingrato
intragável gado e cigarrete, incompreensível,
há o barulho do vento embrulhando os braços
embaralhando as ordem de se correr
para a liberdade.
Mas quê, liberdade ?
De caminhar solo no bando de meus ossos
e não te ver ?
Eu vou ficar para ter a noite a dançar
e os arcos das estrelas do sul do sul do mundo
que me anotem, notem de relembrar
nos amores das casas tingidas por todas as suas idas,
que desejavam belo dia serem vermelhas, para lembrar também,
mas nem isso ficaram
só o vazio e o medo
dos dedos vazios de medo serem os próximos dedos da família a faltar
lembrança...
com olhos cozinhados de estalados, ovos e gema
de tanta dor
sejam, a distância e a calma, minhas testemunhas de coragem;
Agora eu sou o sol Oriental da nossa república
e sem espanto,
do outro lado
já não conseguem viver sem mim.
Eu volto.
Sem me apagar. Voltaremos.




Imagem de internet.




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9 de ago. de 2014

Lontra



            Lontra



Estou fóbico demais aos delírios. Sem muito café, sem muito agito inútil, sem tanto balançar de braços, sem pernas nessa de querer brincar de cabelos no vento, sem tronco tremulo e vendido.Calma. Até desativei meus corretores ortográficos, para tal estado de calamidade de consciência que tento não exigir de mim agora não reapareça e coma tudo. Folga. E folga das folgas. Informações mal completadas, itens complexos de tanto serem simples, enchedores de paciência se vão, e eu acredito dever aproveitar desta onda. Temos de aproveitar o tempo enquanto este é pleno para nos enganar com a sopa do perpétuo, da procrastinação, da sensação de que haverá o tempo pelo tempo e só; relógio infinito pra tudo. E a passagem do tempo pode ser crua e excessiva, mas também alívio para as tensões do presente: se pode esticar ele até o futuro e se ver, no pouco que há hoje de si, uma coisa feita e grande para vir a ser. E, no passado, construir e deformar as casas vergonhosas e modestas do que o ego relembra e mói no que é chamado arbitrariamente de “memória” e erguer palácios, igrejas enormes, salões de ouro onde nunca houvera salão nenhum; fazer plágios de poesias a serem escritas; refazer poesias nunca feitas e chamar elas de propriedades, fundas e ricas; recriar princípios morais dos quais nunca fui advogado em quaisquer instantes dessa longa linha de fatos, retroagir dívidas e enganos, transpor as culpas em sacrifícios legítimos... Dizer a palavra sempre, em vez de talvez.


Tempo é petróleo.
Acaba.
Mas e daí, se fingirmos o contrário para usufruir seu maior calor ?

Calma.


Tempo é óleo bruto

quando se acha que acabou tudo, encontra-se mais. Esperança.Pode ser a última jarra,
mas é de se jogar; vir de encontro aos tempos demais. 





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