27 de ago. de 2015

Contas (ou Matemático)




Matemático

O meu ódio não solverá nada,
o meu amor, tampouco.
O que necessito é saber
exatamente
o valor do que sinto.
E pedir tudo quanto me roubaram
de volta.
Poderei vislumbrar, como finalidade então, a beleza burra de uma chuva, uma flor.
Quem sabe a dor eu possa até lamber um dia,
depois de contar absolutamente tudo que me releva, materialmente.


Juliano Salustiano 






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17 de ago. de 2015

Manchetas futuras

Manchetas futuras.



Segunda fábrica de proteína artificial é Inaugurada em Moçambique e especialistas falam em "fim da fome".

O cientista Etíope Makkuff Ter Milá deu as boas vindas aos chefes das delegações da República da Coreia, do Tibete Livre Ocidental e de outros 35 países, além de representantes da Nação Científica da Constelação de Orion, que enviaram suas saudações via telepatograma, ontem em Maputo.

A fábrica situada no subúrbio da maior cidade do país, e atualmente a terceira maior do mundo, iniciou a produção baseada no “Método Pósitron”, que consiste na fabricação de todos o elemento químicos primordiais, desde os átomos até atingir a elaboração de moléculas de cadeia complexa, presentes nos músculos bovinos e nos já extintos frangos de corte. “É um avanço, pois teremos agora controle da produção do início ao fim, formaremos cientistas plenos, e isso já no segundo empreendimento” (sic) , declarou Milá.

Para especialistas, a “carne artificial” vai sanar o problema da fome, uma vez que o custo para produção do quilo da proteína é de 0,11 centavos de Libra Chinesa. Além disso, depois que a Nação de Orion implementou novas sanções contra guerra entre humanos, o acesso à comida não terá os atravessadores típicos das zonas de conflito, informou relatório da revista científica 'Think, pero obey'.

Makkuff será agraciado esta semana com o prêmio Miguel Nicolelis, concedido a pesquisadores que colaboraram com o conhecimento na última década. A transmissão da festa de entrega será em tempo real no próximo sábado para toda a via Láctea, via Aplicativo Manaus, e por telepatograma para as demais praças galáticas. 






13 de ago. de 2015

Sebastião


 

Sebastião



Estranho é ser herói
de alguém
Posto que, que gritando ferido
também me rói no chão do padecer
todo o deserto como choro da cara entocada
de um pedestal em estátua de sala; o que merece
o nulo da luta toda, então, além de um suor barato?
Moucos por de trás da porta, sem orelhas, a pedir respostas
fazendo seus rogares de surras
em que a única peste é sussurrarem sem motivos!
Estranho é o ser do herói
com bandejas e tijolos nas mão sem águas
e o velho humano, espírita e cobarde
no escritório de metal e carnes
fica como de cócoras, 'quel'alma isolada
debaixo da última mesa, onde ocoa surdo
o pesar e o acorde consciente da sua puta dor... Cópias de Xerox.
(Todo existir de ser de Sebatião é um horror de não saber; e o não saber
dos tolos que tudo dele-em-mim aqui desejam: sorrisos, curas, intervenções...
Porque pra'lém de toda marcha imperial há poeira e pés bailados,
e é só o povo quem tem amor aos calos... Pois só, cada um da multidão se detesta,
se recrimina
e quer um paraíso em espelho para encanar a víbora vontade … Verdades somem
neste embalo de imagens tortas,
e o fantasma, onde o rei cuida de seu povo
que amamenta o rei,
que não ama nem rei (que é)
nem povo (que o faz)
nada para o mais deleite de estar com armas
e detido na noite, bebendo calmantes
à espera de ser chamado outra e outra vez
e vir com a escova de dentes, entre os entes
para acalmar uns prantos ridículos e incríveis
E não só um, uns tantos
o eu, o ninguém – perdidos – ; mas querem lá
estes
médicos,
mestres
ou o homem que mata baratas, e apague com as mãos de vez a luz,
simplesmente,
como que não se importassem se és tu, (e sou!) Um enorme louco
que só falta uivar de tanto coçar e caçoar dos dias,
ao abrir um riso de século
em gordas latas de refrigerantes.
(à salvação!). 


Juliano Salustiano

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