Da
consulta
Em virtude do contato com a Dra. (?)
Taciana Capitanio, CRM 158.368 registrado nos
receituários e constante como ativo em consulta realizada pela rede de
computadores ser de escasso valor e de pouquíssimo interesse no que diz
respeito ao nível mental de conversa, e também
dos atritos severos a que esta me submeteu, com certo grau de
constrangimento e até temor e implícito uso de força coercitiva, me impedindo
de deixar a unidade de saúde Hospital Universitário, no dia 12 de Dezembro de 2013, baseando-se em um um
diagnóstico subjetivo e em uma supervisão que considerei, no mínimo, pouco ou
nada confiável, no breve confronto visual que tive com o sujeito por ela
responsável, fiz-me em obrigado elaborar esse pequeno texto. Tenho a convicção
de que se tivesse sido avaliado por outros profissionais naquele dia, a
resposta para o alardeado risco de quadro de mania teria sido melhor
considerada; enfim, há taxitas e taxitas.... Tendo em vista isso como
fato inusitado, digo nesse meio termo que sempre muito bem tratado, mesmo
quando situações semelhantes foram enfrentadas por seus mais de oito colegas, ao longo do atendimento
a mim prestado. Não há crônica na queixa, portanto, nem queixa da crônica. No
entanto, agora, a situação é grave, e sinto minha autonomia como paciente constrangida por
ambos: Eduardo de Castro Humes -108.239 - e Taciana Capitanio. Conservo, então
meu direito de relatar os dados da consulta por via escrita, já que esta parece
ser a única faculdade mental partilhada entre mim, essa senhora e sua chefia.
Cabe lembrar que esta carta é consciente,
e não é produzida por quaisquer ideações irônicas ou sarcásticas que possam vir
a serem descritas no CID (F-30 ou F-39, por exemplo; tampouco F-60!). Meu
comportamento é normal, não estou redigindo-a alcoolizado ou sob efeito de
qualquer psicoativo; estou sóbrio e sigo dialogando dentro da normalidade fora
do consultório, tanto com amigos como
com familiares ; não há delírio ou
paranoia; apenas não julgo produtivo usar aqui minha voz, já que conclui, com
certo sofrimento, de que se trata de um contexto em que a conversa é pouco
valorizada por alguns aventureiros. Procurarei ser, entretanto, objetivo quanto
a minha condição clínica, uso das medicações prescritas, além de breves
descrições comportamentais e sociais no período que compreendeu o presente
recesso. Não obstruirei, em nenhum momento
a consulta, estando contidas nessa carta todas as informações sobre mim,
os remédios, e as tendências comportamentais/expectativas e hábitos que possam
ajudar no tratamento, como já foi dito anteriormente.
Clínico
Do ponto de vista clínico, continuei a
tomar a medicação prescrita na última consulta: O ácido valpróico 250mg – com 1 comprimido de manhã e 2 à noite – acompanhado de dois comprimidos e ½ de
Carbonato de Lítio 300 mg durante a manhã, alterando em meio (½) comprimido para mais em termos do
Carbonato de Lítio. À noite, também se
fez o clonazepam com efeitos que considerei, como leigo,muito bons, quando
não no dormir imediato, no relaxar. O
adendo ficou justamente com a administração justamente do clonazepam, que
passou para meio comprimido por noite, durante dez dias. Ficando dessa forma o
esquema :
TOMO:
(Dia) 2 e ½ de Lítio e 2 ácido valproico
(Noite): 3 C de Lítio + 1 ácido
valproico + ½ clonazepam *
*o
clonazepam acabou, pois foram 10cp e depois 5 cp, sendo que na última foram
utilizadas as metades dos comprimidos, conforme
prescrito, por dez dias, na segunda metade do tratamento.
PS: Todos os medicamentos foram obtidos
na rede mantida pelo povo. Ao povo eu devo meu sossego.
O sono permanece regular, alternando
entre 6 e 8 e ½. A atividade gástrica é
sempre com náusea, mas que eu considero suportável, dentro dos benefícios do
tratamento. Me alimento bem. No Natal o consumo calórico sobe, mesmo que meu
corpo seja uma salsicha, a sensação de saciedade é plena, e até a náusea se
aplaca. Vez ou outra fico mais excitado com um livro, uma ideia, e me vem um insight,
que anoto para uso posterior. Depois desse “pico” resolvido, me acalmo. Nos
últimos dias (cerca de sete), a sonolência aumentou significativamente, em que
eu tenho “picos” de inação, com a sensação de fadiga daquelas que se sente após
um esforço muscular, como uma longa
caminhada ou subidas sucessivas de escadas. A chamada “moleza”. Por enquanto
não tem me atrapalhado, por causa das férias, mas talvez depois vire um
problema, como já foi no passado,quando me introduziu o Lítio o Dr Alexandre de
Lima Freitas. -9.7731-, há cerca de dois anos.
Comportamental
Meus sentimentos vão todos contidos, como
quer o mundo, como querem os médicos. Estou domado.Faço poesias de cabeça para
quem não tem nem cabeça de ouvir nada. Mas eu tento,e encontro um e outro que
dão a graça de dizerem a mim que sou escritor; eu rio, porque sei que é verdade
e mentira, ao mesmo tempo, como se é poesia.
Mas eu sou poesia de raiva. Ainda nutro
ódio mortal por Eduard Rummes, sei nem bem porque; preciso resolvê-lo em mim,
antes que sua arrogância me torture, se é que já não torturou. Não quero vê-lo,
nem sentir sua carne que sobra por esse mundo, nem seu cheiro de gente correndo
os corredores dos hospitais, nem sua
vida que anda, como um condomínio ambulante. Procuro, pra isso, os humildes, os
mendigos, os marginais de quem sinto medo pra dividir um pouco de calor, pra
ver que a vida vai além daquele médico arrogante.Não sei de onde tirei que o
detesto, desde aquele dia, talvez: Caim não teve motivos; Laio também não.
Dizem que tem almas que vem tortas no mundo. Talvez seja o nosso caso; poderia
ele não ter vindo a esse mundo como médico... é injusto o bilhar de mesa que
faz ter mais brilho em retina o chapeiro do Bob's … questão de azar. Mas talvez também a chapa
queime um e outro, e nosso médico seja consumido pela fumaça do povo nojento
que insistirá em loucura na porta do seu consultório : Louco rico e louco pobre
são pedantes... cansam igual: não é uma lepra, uma caspa, uma culpa a mais do
sujeito, uma coisa obesa. É pedra. E ficam os cabelos, as horas com a família,
e se formando a montanha do doutor,
sombreando tudo o que não pode solver ... um vale de loucos…
Um dia li num livro de um escritor
marginal que um futuro bandido nascera pelas mãos de um playboy, médico da USP. Nunca entendi essa frase, porque considero
este senhor mais bandido que qualquer outro...
Mas calma, não me internem, não me
injetem nada. É tudo ficção.
Deixo expresso, que o
material acima, do item “comportamental” é de caráter lúdico e ficcional. Não
há correspondência entre pessoas, nomes e fatos descritos com a realidade,
tampouco com intenções futuras ou ações passadas ou presentes. Apenas
inspira-se em fatos, sem reproduzi-los com igual teor de verdade ou coerência.
Social
Tirando todas as mentirinhas que conto,
tenho me mostrado sociável, mantendo aproximações sexuais e não-sexuais com
outros seres humanos. Minha empatia por outros também é enorme. Animais me
adoçam. Poderia adotar muitos, mas não tenho
recurso. Os cachorros de rua são meus guardas noturnos.gosto de gatos
também. Não pratico nenhuma atividade
física, talvez isso me seja mal. Poderia ganhar mais músculos, ou mais paisagem
no olho, caminhando mesmo por aí...
Tenho nesses dias pensado em escrever
mais e melhor. Sou muito perfeccionista e guardo rancor das palavras erradas.
Provável que venha daí o amargor pelas pessoas erradas. Pela gente que não é
palavra, é só gente, só ação..E emudeço frente a elas. Calma é também o que sou
em termos de relações familiares. O “sequestro” de minha mãe mostrou aos
doutores o quão ela é doce e educada, apesar da origem paupérrima, dos que
levantaram as lajes do país, como é há séculos, com e sem correntes... – Tão em
contraste com bem formado doutor, já falado aqui – ela, mãos pretas, pele
preta, Servidora de Cafés, Brasil até os ossos, dos marfins brancos... Mantenho
boa a questão dela se atentar ao meu remédio, embora eu sempre assuma postura
mais independente nos últimos
tempos e ela admire isso, pois criara,
sabe, um Brasileiro também.
Fui muito elogiado por um professor,
aquele do tal trabalho, cuja entrega foi adiada via atestado. Isso encheu meu
ego. Me deixou como a sertralina me deixava há tempos atrás, só que
momentaneamente, um orgasmo. Eu vivo. Gosto de arte, aprecio artistas; preciso
aprender a gostar dos mais frios, dos mais céticos, dos que não têm esse
encantamento; quem sabe com um pouco mais de remédios! Até o próximo retorno.