2 de set. de 2011

Hippomania, por falta de uma lembrança de título.

 Hippomania



Jovianna saiu Às 23hs para comprar a manteiga que mais gosta, importada e sem cheiro. Se esqueceu de que o mercado fechava às dez e decidiu voltar. Se lembrou de que gostava da noite e decidiu ir à rua Amália. Não lembrou onde era a tal rua da infância; não lembrou do próprio nome. Tentou voltar pra casa da rua-sem-nome do bairro sem mundo, do mundo sem filhos, dos netos sem futuro. Ligou para casa discando o teclado do telefone celular mudo das solas das próprias papetes. Conectou o modem dos e-mails confusos com os barbantes do elástico da calcinha, da calçona , da blusa com cheiro de armário, com os fios dos próprios cabelos. Viveu sete anos na rua, a mesma rua Amália, que um dia encontrou por acidente, sem nunca saber que o tinha feito, a apenas nove quadras da sua casa. Seus três filhos saíram para procurá-la, mas se esqueceram que a mãe já estava fechada, e decidiram voltar pra casa. Se esqueceram de vez dela. Estão os três doentes.

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