Lá fora as luzes não têm fim
cruzam no meu céu calado os futuros discos,
os frutos benditos do meu maldizer;
Afoitas por cabeças espreitas,
foices de chafariz.
Arara, piaçava,
vassoura e metrancas bravas
libertam tudo para que não sobrem corpos,
para que não subam almas.
Alfaiates, alferes nojentos
vão tecendo o barulho e o fogo,
de conforto estrondo, de confronto lento.
Momentos magnéticos que atraem a agonia
e os fluidos elétricos,
desligados do sangue perdido na madrugada...
Lá fora, as tais luzes de novo
partem os véus do futuro misto
os futuros mortos, e das futuras ideias;
por dentro correm só
suor seco e gelado
gemido confuso, gargalhado.
Tem um soluço oco no meu portão
e uma poça de ecos ao fim da estrada.
Muitas sirenes, muita correria;
eu já parei, já vivi
e já quis morrer de cego,
de tanto notar os castigos
e de ver os escuros traços,
cada vez mais nítidos,
deste nada tão antigo.
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