Eu ainda tenho cabelos brancos na palma da mão:
seca,
porque não quis mais fechar e abrir desde o dia que os ganhei...
no
rastro que deixou-
e
desse dia fiquei admirando aquele rico nasco teu
petecando
em frente ao sol para fazer reflexo carente de raiva à estrela nova.
Pegava
os que o ódio do vento fazia sumir e recolhia à horda
e
se eles se misturavam com terra
grama
de ouro, ou qualquer outra sem-importância, eu me lascava como pedra
para
separar todos aqueles poucos fios de volta,
sujos.
-Na lava de uma pista-
E
na hora de dormir punha a mão
fechada
sempre pro lado esquerdo, e deitava,
e
toda vez que adormecia o braço
eu
acordava e ficava à sua espera,
como pelos
vasos cinzas da lateral do muro,que invadisse ali mecha inteira,
e
cinco, seis por noite, de se esperar ele ficar sensível de novo
e
ficar com o tato pronto
pra
deixar esse mundo sentindo tonto
o
malho fino do cabelo da nuca, tingido.
Permaneci
por novecentos anos sem encostar as mãos no meu próprio corpo-
ele
já se parece menor e mais torto do que aquele que correu para
encontrar motivos de não se livrar da dor,
de
ir arrancando outros pelos
pelo
nu do mundo,
e
não conseguir mais me soltar.
Eles
ficaram vivos
e
todos os dias querem partir para a terra, pro pântano em lodo que
era,
e
eu os retenho, os dela
como
quem comprou a lembrança, o direito único de ser tristemente riste
e
até mesmo alugo, à pulso, uma balança
para
assegurar o quanto perco dela em gramas
nas
contas dos que se atrofiam
as
lágrimas,
à
riqueza dos meus dedos imundos
mais
502 de avareza roída.