21 de abr. de 2012

Depois das Fadas


Depois das fadas



Part I


Ela se tornou rainha
e ficou sozinha.
De sete quedas tomou banho e sua vida
a antiga
invés de trovão, pavão, rio
foi cio, sem brio:
a menina já tinha fechado,
doado aquele livro,
pra uma que nem o abriu,
e eles, e ela, especialmente, lá...

Part II


Alice, Benedita, Ofélia, Amália, Amélia,
já não sabemos o nome, porque o paperback não achamos mais,
se vendeu ao pó de ser zero à direita e fez-se
no reino a mágoa;
esteve em água;
emborcou em sacrifício o mau cheiro da dor
dentro de um andor e deixou com a maré a jura
cura, destemida urca,
pois para sempre todos iam vivendo
sob a lei fatal de ser,
e de ser,
e de ser...
pestiosamente,
mesmo depois do fim,
no descer ao feliz doloso do para sempre.
Súditos.

Part III

Mas a vez não era uma
e não chovia;
o Super Drago e seus efeitos entraram em
greve,
queriam tempo.
O Mago e seus defeitos, de criar mais alegria
onde não precisava
e superfaturar o preço dos truques
fizeram a gente ter medo de tudo,
medo dela, Rainha, quando ria, quando pensava,
quando agia...
No prostíbulo central das fadas
 se tocavam harpas e vermes circulavam,
com os mais de cem pequenos homens de martelo
que ferravam com elas por pouco ouro.
 Se não pagassem, se veriam com a Fera .
 A rainha estava em coma.


Part IV

E nenhum príncipe surgiu,
depois do outro que fugiu com medo do eco
do barulho que fez a serpente da vida no
escuro das horas,
vingativa-
só um faxineiro
um ourives
e um carniceiro
com espátulas, espadas em punho
pra recolher do vaso
da raiva do acaso
os cacos
ui, vã, o castelo
 o grito, o vazio e gorgulho;
um choro coalhado mór
repetido
em baixo da pilha de cordéis,
de coisas sacanas e importadas
saudades de ser puta, 
Pilar de tudo
vontade de ser bruxa
e envenenar o angu daquela fada
que tinha prometido
um conto melhor
que uma sem beira de sem sentido de página.




Part V

(E viveu, foi vivendo...)




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