Depois das fadas
Part I
Ela se tornou rainha
e ficou sozinha.
De sete quedas tomou
banho e sua vida
a antiga
invés de trovão,
pavão, rio
foi cio, sem brio:
a
menina já tinha fechado,
doado aquele livro,
pra uma que nem o abriu,
e eles, e ela,
especialmente, lá...
Part II
Alice, Benedita,
Ofélia, Amália, Amélia,
já não sabemos o
nome, porque o paperback não achamos mais,
se vendeu ao pó de
ser zero à direita e fez-se
no reino a mágoa;
esteve em água;
emborcou em
sacrifício o mau cheiro da dor
dentro de um andor e deixou com a
maré a jura
cura, destemida
urca,
pois para sempre
todos iam vivendo
sob a lei fatal de
ser,
e de ser,
e de ser...
pestiosamente,
mesmo depois do fim,
no descer ao feliz
doloso do para sempre.
Súditos.
Part III
Mas a vez não era
uma
e não chovia;
o Super Drago e seus
efeitos entraram em
greve,
queriam tempo.
O Mago e seus
defeitos, de criar mais alegria
onde não precisava
e superfaturar o
preço dos truques
fizeram a gente ter
medo de tudo,
medo dela, Rainha,
quando ria, quando pensava,
quando agia...
No prostíbulo
central das fadas
se tocavam harpas e vermes circulavam,
com os mais de cem
pequenos homens de martelo
que ferravam com elas por pouco ouro.
Se
não pagassem, se veriam com a Fera .
A rainha estava em coma.
Part IV
E nenhum príncipe
surgiu,
depois do outro que
fugiu com medo do eco
do barulho que fez a
serpente da vida no
escuro das horas,
vingativa-
só um faxineiro
um ourives
e um carniceiro
com espátulas,
espadas em punho
pra recolher do vaso
da raiva do acaso
os cacos
ui, vã, o castelo
o grito, o vazio e
gorgulho;
um choro coalhado
mór
repetido
em baixo da pilha de
cordéis,
de coisas sacanas e
importadas
saudades de ser
puta,
Pilar de tudo
vontade de ser bruxa
e envenenar o angu
daquela fada
que tinha prometido
um conto melhor
que uma sem beira
de sem sentido de página.
Part V
(E viveu, foi
vivendo...)