13 de nov. de 2011

Uma Jam


Enfim, o meu feto já nascia com dentes afiados e podres, pra praticar uma só mordida, uma única vez. Ele urrava palavras doces e impronunciáveis; ele saltava como um sapo a explodir-sem-ar-o mar-da-morte; ele sugava com força os peitos morais, imaginários e reais, feria-os. Grajew se sentia, pela primeira vez, completamente sugada; talvez ela pudesse ter achado que vida de terapeuta seria mais tranquila, e que o sol teria sua função decorativa na paisagem exata, livre do lixo, da poeira e dos riscos. Talvez tenha pensado que puderia controlar todos os raios e apenas tirar deles o proveitoso e científico blasé do bronze das dores, e que elas não fossem capazes de queimar assim tão fundo, nunca fariam desses nobres sujeitos, tão predispostos à vida-de-merda-eterna, cobaias perpétuas, esquecidas no frio do ressecamento tão intenso, não mais homem e mulher, mas jabás mornos ao sol redundante do congelado dia.

Sobre o Autor

Arquivo do blog