14 de nov. de 2011

Fazer uma poesia por dia não é sinal de sossego
Amar todas as noites, do jeito que se dorme, é utópico, doente.
As conta-gotas da vida e dos versos me são bem-vindas.


Se só sei falar português, que assim seja
não tenho culpa de meu cérebro a dizer tanto, e somente essa;
eu não me penalizo nas minhas fronteiras.


Se sou ignorante no verso ou na rima, não me espanto
ou se falo errado, gaguejo, e às palavras dou maus-tratos
não me importo em ser mais um.


Não vou me bater se da viola sair uma canção
sem nota inteira, sem método, em desafino
nem censurar-me, como se eu fosse o outro, o do rancor pelo beijo não ganho, mal-recebido.


E se vier aplauso, que venha, não me alardeio;
já os ouço do mesmo modo com que soa o esperado ruído
da vaia, com a mesma calma.


Isso, e só disso tudo, sereno
é por necessidade de perder, de sentir-se como último de si
Levar uma volta, um drible, uma aposta.Retardatário do próprio espírito.


Sem mais doar de mim, qualquer gota falseada de uma luz: ‘sabedorias’
passo encerrando, como prometido, sem simulacros ou coroas
com uma cor não cintilante, de mais um suficiente, irregular, não-heróico verso.

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