Hoje me fiz uma questão
mórbida,
quase proibida
que fez minha alma
sentir batida pesada
Como vão os mortos?
Passam bem?
Sentem bem?
Ao menos vivem
como me foi prometido
na missa?
Questionei sobre o
limbo, sobre possível o purgar das almas
debaixo de um céu que
creio não ser meu paraíso
acima da marquise das
esperanças construídas, fundamentadas.
E neste lugar, onde vão
surgindo avós, primos, amigos,
carregados pelo cheiro
lúgubre dos ausentes
eles vêm dispersos,
com os olhos pregados de quem revive
com a pele acesa
artificialmente em seda piaçava.Lembro-me dos frutos secos, sem
gosto.
Me cobram, me julgam,
me dançam, e choram, sem compasso:
Que fizeste? Que
fizeste com minhas obras, meu legado? Perguntam-me
sinto-me, por um dia,
como um anjo que não presta,
que não devota a
devida atenção ao velho, ao transcorrer remoto
O céu escurece, tenho
medo, receio o castigo
tenho o defeito
agnóstico da falta de apelo santo, de santidade
vou clamando, portanto,
em lista, dos deuses que lembro, o perdão
nuvens, páduas,
egípcias, clérigos exemplares, arcanjos suaves
perdidos caboclos,
impiedosos orixás.
Ninguém conserta meu
verso.