14 de nov. de 2011

não consigo mais terminar


Hoje me fiz uma questão mórbida,
quase proibida
que fez minha alma sentir batida pesada
Como vão os mortos?
Passam bem?
Sentem bem?
Ao menos vivem
como me foi prometido na missa?
Questionei sobre o limbo, sobre possível o purgar das almas
debaixo de um céu que creio não ser meu paraíso
acima da marquise das esperanças construídas, fundamentadas.
E neste lugar, onde vão surgindo avós, primos, amigos,
carregados pelo cheiro lúgubre dos ausentes
eles vêm dispersos, com os olhos pregados de quem revive
com a pele acesa artificialmente em seda piaçava.Lembro-me dos frutos secos, sem gosto.
Me cobram, me julgam, me dançam, e choram, sem compasso:
Que fizeste? Que fizeste com minhas obras, meu legado? Perguntam-me
sinto-me, por um dia, como um anjo que não presta,
que não devota a devida atenção ao velho, ao transcorrer remoto
O céu escurece, tenho medo, receio o castigo
tenho o defeito agnóstico da falta de apelo santo, de santidade
vou clamando, portanto, em lista, dos deuses que lembro, o perdão
nuvens, páduas, egípcias, clérigos exemplares, arcanjos suaves
perdidos caboclos, impiedosos orixás.
Ninguém conserta meu verso.

Sobre o Autor

Arquivo do blog