Minhas
retinas são aquário
minhas
mãos, de escorpião
verde,
azul comum, fosforescente espelho;
peixes
nadando de todas as cores , meu carnival de coisas.
Eu
observo pelo vidro das belezas
e
obtenho de graça
toda
clareza de palavra que me falta.
Um
gato no cio me deixa impressionado, sim,
assim
como a água que desafia a ladeira e menos corre, incoerente e forte;
temos
pensado muito na vida
eu
e o covil inteiro de gentes que mora nos pulmões quando amargo eu
suspiro,
e
não me desespero por falta de espaço, só por elas e por ti que não
te gritam,
que
não grito, que não se juntam.
Uma
cambacica pousa bem perto
e
me comove também, como os doidos eus que te choraram um dia,
por
um medíocre encanto piado.
Sabonete
tentando ser arte no palco da pia,
poesia
lisa, que vai te falando devagar o que poderia ter implodido um rim.
Tomamos
vinho, eu sozinho mas cheio da sua companhia-
eu
ei de ficarmos putos todos e descontarmos, com crueldade nas partes
boas
por
não fazer mais escala nesse mundo de mim perplexo tão baixo
as
tuas asas que fiavam sem custo o descosturado corpo imundo, quase
extinto,
a
ter visagem da flor.