O
nó
Oh, nó! Oh, não!
O nosso amor parece
mais
enredo de matraca
brado de maritaca
turbina de avião
A gente sofre,
sofre até que passa
no domingo da ressaca
quando tranca o
barração
E assim mesmo
o batuque que me sobra
é tormento a toda hora
é sambar só com as
mãos
É o nó!
Da nossa dor que marca
o que me ama é o que
me empaca
pulsos presos pelas
mãos
Parece mais um vento
quando aplaca
e entra pelas pares do
quintal:
Falam toalhas, e os
panos se alevantam
cordas não nos
adiantam
pratos, qual prantos,
vão ao chão
Oh, nó! Oh, não!
É o nó,
que me entrelaça feito
louca,
dupla camisa de força
que desfiar com unhas
moucas
só embola esse cordão.
Oh nó! Oh, não!
Se eu me rasgo e o nu
me deixa
e mais estico e tu se
queixa:
E se o nó, abusado, se
ata em outra
faz meu berro como
doida
enrolou meu coração.
( E eu me mudo de
canção)
Oh, nó! Oh, no!
Desato nem
e o meu bem já me faz
falta
chuva,volva logo pressa
casa
pra esse meu pátio
inundar
Vem pela noite
escorrendo de mansinho
no telhado, agulha e
linho
até o meu trovão
raiar
De novo a foice
corta a cana e me faz
doce
tanto caldo que me
trouxe
pro azedume coração-ão!
Outra vez nó! Oh, não!
Aurora escura
com veneno é que se
cura,
mãos com mãos, minha
cintura
castanho baixo, o nosso
vão
O verde se vira em
roxo-alvo
E os tão bravos ficam
calmos
no disco, a mesma
canção
Oh, não!
E para quem tanto
brigou
now línguas nossas
várias dançam
e a nostra voz
tagarelou:
Vestidos amassados
andam
cadarços, cordões se
arranham
É o nosso nó! Oh,
Nó...
Que re-enroscou!
Oh nó!
Oh, não!