22 de jan. de 2012


Timydês


E mais um dia escancarado principia
recolha-me, por favor, por debaixo da porta
que eu tranco as janelas: é dia de sorrisos.
De um sol irritante que me desafia
me convida pruma felicidade amorfa
de bondade explícita das bem quiistas.
É timydês.
E cada saída, tentativa de ser-me rua
é como se fosse um crime,
olhos vigilantes, corredor da milha verde,
em recuo e cílios.
A cabeça, se a ponho com esboço pra fora
se eu espio
é pra ver se vem alguém
auto-denúncia até para tomar água. O copo fala.
Precavendo futura censura, fazendo o agora
eu me meço na estreita conduta do sério:
Volantes grudados nas mãos do austére antigo sem placa, silencioso;
destino certo
cobiça pelo perfeito
senso reto, engravatado.

E até meus pensamentos eu prendo
jogo com bem dadas vírgulas em tudo:
eu sou a célere et caeteras certa no meio da frase para encurtar o assunto.
Para ficar de uma vez mudo
ser mais prático e menos incômodo
menos agoureiro, sem sorte.
E meus olhos baixos, meus naturais óculos escuros
como faróis de serra
ficam que como a observar a linha do asfalto,
temendo reagir ao balanço das saias,
de desdenhar bem mais do que pernas: corações de ninguéns amais?
Se me veem e me gritam “te odeio!”, e eu ouço justamente o seu contrário
desamarro a raiva própria ao meu trejeito
e me enojo com a própria preguiça que tenho de ser tão violento,
e me acalmo mais...

...Fico longe,
 como o sofrer rugindo na jaula, longe daquela que me leva o couro,
com os pelos todos do meu dorso se indo pelo piso, laranjas.
Caminhar amparado sem as garras
com as minhas muletas de alma
é suportar o pedaço humano que persiste
largando ares maus por toda a vida:
O podre obtuso se abusa de traços
de espasmos convulsos de risos, conveniências do circo.
Ou de conivente arcada,-perversão protetora e amiga-
quase otária,
aleatória e silenciosa.

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