Eu estou como-
Estocolmo-
rendido
e querendo estar em um
xadrez de dama
que me chama;
E eu pretendo
sem nenhum bom senso
rimar erradas do jogo
sem par,
me soltar dom avesso
me por em chamas;
Você
voz que
que de tão branca peça
me assalta sem armas;
e eu, que de tão preto
septoso inseto
tão renegado voltando
sem rogas, sem roupas pro inferno
que fui calcinado,
e não me sobrou nas
mãos mais nada;
a poesia queimou e
morreu.
Sonhei moreno e perdido
na tampa do tabuleiro morno
com a efusão como de
chá do teu cheiro,
que de verdade nem sei
e houve ou há: sinestesias.
De pensar e despenar
o indecoroso cerco mudo
e incompleto
ao lado Amarantre
cauteloso, em-si-mesmado verso,
como se com o silêncio
contasse
que precisava ser
soviete velho
pra entender um pouco
de perto
espioná-la e já saber
do tudo;
ter nas mão o tempo, o
meu segundo primeiro
e fazer não como um
loser em pará-lo
mas ir adiante, ter uma
boa desculpa
para que o relógio
nunca se feche, que me levasse partida a dentro
Eu exercitei, no mesmo
fogo de sempre,
a mesma festa com
outras peças do jogo,
as todas que me dão
movimentos,
luz quente e gostosa,
até que venha o sono
antigo que me dão as retidões das jogadas frias,
ângulos retos,
de tanto repetir,
des-reprisar
o meu cansado sêmen ;
Estou no inverno de
novo
mil diabos confessos.
Eu acordo. Estou morto?
Matei a Bretânia
inteira, com rainha, cavalo e tudo?
Não. Apenas brincando
de vida;
ou penso então que
acordo, não se sabe, um vivo-pouco.
Reitero a água tão
chata da pia,
pra lavar o meu
cadáver,
e pra dar conta do meu
rosto,
cheio de defeito
errado demais pra você.
Eu tento me moldar
como terra e pano
fazendo dobras na pele
com as mãos
levantando mais o
ínfimo fio da sobrancelha direita
afundando o dedo pelas
pontas roídas
ao fundo da minha
máscara,
me cavando até a
metade, onde moram as larvas;
Só metade, só à
metade
do isso que não está
certo
que não está
completo.
Repleto vai
o dia de afoitos dias
repentinos,
em que me vou pra uma
calçada
de uma arriada procura
por tais outras,
meio como sol que
insiste no estranho quente que traz;
A gente até consegue,
sem esforço, como a luz,
se observa como uma
praga urbana as que passam
queimar com brasa
aquela anônima
que dobra seu punho em
direção ao raio meu,
me seduzindo com seu
maço de cigarro esfumaçado aceso,
que só mata,
adia tudo,
e sequer me enlouquece;
É tão simples se eu
passo a mão
-que de tão mão já
se foi o tato-
em outra rainha branca
que testo,
escorregando em slide
da coroa à bata toda,
pra ver se extraio
também o mesmo cheiro,
pra ver se me desejo:
O cheiro mais velho
ainda persiste;
E mesmo que o meu
triste focinho sinta outras
sinestésicas-perpétuas-flores,
e as sente, porque sou
feral
até melhores,
até maiores que vos,
que não são muitas, mas são
até as mais docemente
estúpidas,
simples de pisar,
que riem de qualquer
adubo,
de todo o absurdo
jogado com qualquer
dolo, por cima ou por baixo
e que eu, enfim,
encontre no paraíso aquelas
das que se conhece, se
usa e se cheira,
as que se mastiga a
qualquer hora e se cospe
pela simples graça do
barato-alcalóide,
eu continuo surpreso
com o teu gosto primeiro
que vai me deixando
calmo só de lembrar
e me reabilita dos
hang-overs dos passeios amargos.
E eu nem me sei mais
e você nem sabe
o gosto que tem quando
eu te mastigo,
porque há paz no
silêncio
maldito silêncio.
Sendo a vontade a mesma
e a verdade tão meia
que eu grito pra que me
sejas toda
com o “s” final do
meu sem-jeito
e eu sem medo me
exploda
e implore para que me
corroa,
para que me vença.
Xeque.
Se falo metáforas,
borboletas-faladas
não é por mentira,
mas é que gosto tanto
delas e nelas gravito entorno
assim como meu mundo em
sua órbita
e meu corpo em seu
todo, contra a inexplicada vontade.
É noite: graças ao
dia morto que foi-se;
a non-sense sinestesia
appearance reaparece
e de velho,
de novo pela palavra
eu sinto o cheiro tão
forte
que consigo pensar nos
pulmões
que começar a chiar
a falar calminho
a se esquentar
a se encher do meu
verde que me vicia...
Se vai pelo estômago
pelas micoses mentais
pelas varicoceles
intestinais
dos epidídimos
escrotais
que me tornei,
das marcas que nem
existem
mas começam a se
estar:
sangue parando pra
sentir junto
e te prestar atenção
Glóbulos tântricos
com óculos
olhos que te veem tanto
uma legião perdida de
pensamentos.
Uma eterna ereção
uma eterna digestão
que o tanto já não me
interessa.
Se estou morto?
Agora sim,
muito, misto e duro;
eu estou como me indo
bruto
livre como tudo
junto de quem me mata.
Adorável inferno.