29 de nov. de 2014



Raquel's Thought 09971787987979###



Raquel's Thought
09971787987979###

PRÓLOGO


Quantas horas para atender uma pessoa?
Errado. Quantas pessoas entendidas em uma hora?
Corre
[já me cansa]
A alma saiu.
Desfibrilador
[o desconhecido arriva]
Gato na caixa
– Tá vivo?
Checa o pulso [na República]
ela voltou … Pelo tempo
cheia de sequelas mentais
Entonce, tás vivo?
Nem pisca.
Só um coração batendo
e um tubo na traqueia
Ainda um gato de Schrodinger
[agonia]
É essa a impressão da vida.

CORPO
099717879866457979###


A impressão da vida fica
nos gatos que gastei amaciando com fios da minha bárbara coerência
nos gastos que juntei negando
para um só coração batendo;
- Indicia, a vida, toda ela em dutos plásticos,
verdificados, e suas moucas quimeras –
Minha traqueia ronrona [tosse e língua descolocada]
e rastejo para dias de relento: não li o capítulo anterior sobre o que vivi; li que somente viveria... Frase de sobremente do que careceria um sonho...
Olhei a mim
e suspeitei de cansaço;
de como haver gente tão diferente [e não me descanso], se deveria. A íris no picotar da luz me oscila
entre os desejos de ir e de ficar. Quase iguais em si. Não posso me pegar melancólica, por ora, sem sentido .

Só noto que
A suportar-me,
corpo de anatomia sonante ao pé da cama
translúcida, imaginária, com que vejo acordada
repartindo os planos
Essa íris, colada no
liso branco recém-pisado
piso sujo de asfalto de troncos comidos pelo negro dos pneus do meu carro
vai alisando o futuro, apenas. Vendo.

O mocho a largar seu posto na árvore, por perceber mais que eu como avança o dia,
pelos céus [do meu pouso]
que nem me vejo como vim parar aqui …
piam ele e o silêncio.

Vou outra vez para o canto que me resta
agora estou internada
cortinas são as minhas pálpebras
como a alma do desconhecido que não
decide se parte,
ou se incita, vira ou se cala...
Revisa tudo, tudo mesmo, diria que me ronda, caso não fugisse em tempo dali
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

ou se existira em minha mente, essas saídas
bem poderia ser encarnada com seu sangue
me empapar na ânsia de salvá-lo, minha face, clara tanto, vermelha de nervos e ronco
rosto este que já descasou com o espelho mil dias,
não se viu mais por lápis escuro desde o início da poesia
mil olheiras, saudades de casa
tudo impresso
tudo impressão de exames do dia. E mais dias minados. Confusos. Mas não, ainda tenho que aprender o certo. A correção oculta e objetiva que clareia a mente sem despistar os dias em que tive de ler o absurdo inventado pela gente toda, [de que existem dramas em filmes e fitas]...
…..................................

[…]

Muitos de mim terão medo,
de medo também terei deles alguns, em segredo.
Eu construo um subúrbio de sentimentos e delírio, deliro nele
mole e ruidoso,
e essa buraqueira de conexões humanas, túbulos e átrios de ofícios cavucam para mim lugar do meu tesouro e sentido, e calma, de momento...
eu sou douta de mim mesmo, dura demais, sempre pra mais, de viver menos
Até onde vou é uma scissor de pernas longas demais
A impressão da vida fica sempre quando se volta para casa:
escuro, Mercúrio fica no espaço, alérgico dos meus dedos, e ousa em cena do início de noite (…) pertinente ao sol e
roendo bordas de prédios longe
sei lá,
Parecem faltar pedaços, ainda …
Mas não me parece que tudo parou,
O túnel e a ponte para o caminho da casa
me alembra[m] daquela Igreja rígida
visões atoas
de pressões de impressões de vidas passadas.
[O meu templo e capela].




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7 de out. de 2014

Coisa de Americano



Coisa de americano :

COISA DE AMERICANO

lisonjear o trabalho

espantar os pretos ,
e se espantar com pretos de estados

espetando atos
de sons estalados...

Brincar de bang-bang a sério
todos os dias pela paz;
pela pax – pabx – de Columbine

ter medo de vendaval,
pânico de prédio baixo
ou turbante de táxi

e da falha de San 'Andréas
a una que mais divide

todo o progresso da Califórnia
.
fabricar um copo
sul-americano
pra entornar
a lei seca e sacra:
não abrir o mapa

fazer filmes para sempre ganhar
e pipoca para assistir
o sal sobre a terra da America
que vós sois
e somos também
via Epson, e Xerox:

Pão
carne
e pão.

Twist e Pop.

Estrôncio nos corpos marcados de Biquíni:

COISA DE AMERICANO 


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2 de set. de 2014

Letra Jota

 J

A prova da minha existência
eu nunca soube provar.
mas me ocorreu uma ocorrência
assim um tanto irregular.

cansada, aqui matutando
pensei num momento distante
que o rapaz, o tal Juliano
me foi assim sempre constante.

os dias que não pude falar
Juliano vinha dar oi
os dias que eu quis me afastar
Juliano nunca se foi.

parei, refleti, mas não me 'deti';
por muito tempo sumi.
mas o rapaz, o tal Juliano
aquele sorriso africano,
ele sempre estava ali.

eu morria em pequenas palavras
e me abria só quando dilacerada.
o Juliano paciente escutava
mas aquele sorriso, que nunca fechava
me dava alguma impressão
de que de fato, ele não fechava não.

um dia, sozinha e arruinada
pensei no estrago da vida
eu tinha sempre o Juliano
e o Juliano, pouco me tinha.

o Juliano, ele me merecia
eu só não sabia o que é que eu queria.

eu vinha sempre arruinada,
mas com sorriso sem trava
com frase feita e ensaiada
o Juliano começava . . .

"oi !"   


Por: Helena Vitorino, 2014




31 de ago. de 2014

Exílio


Exílio


O sol é oriental
já não consigo viver com ele
abraçado só com a luz que me deste, aquela,
quente outro dia,
e outro tantos dias com que te fui ingrato
intragável gado e cigarrete, incompreensível,
há o barulho do vento embrulhando os braços
embaralhando as ordem de se correr
para a liberdade.
Mas quê, liberdade ?
De caminhar solo no bando de meus ossos
e não te ver ?
Eu vou ficar para ter a noite a dançar
e os arcos das estrelas do sul do sul do mundo
que me anotem, notem de relembrar
nos amores das casas tingidas por todas as suas idas,
que desejavam belo dia serem vermelhas, para lembrar também,
mas nem isso ficaram
só o vazio e o medo
dos dedos vazios de medo serem os próximos dedos da família a faltar
lembrança...
com olhos cozinhados de estalados, ovos e gema
de tanta dor
sejam, a distância e a calma, minhas testemunhas de coragem;
Agora eu sou o sol Oriental da nossa república
e sem espanto,
do outro lado
já não conseguem viver sem mim.
Eu volto.
Sem me apagar. Voltaremos.




Imagem de internet.




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9 de ago. de 2014

Lontra



            Lontra



Estou fóbico demais aos delírios. Sem muito café, sem muito agito inútil, sem tanto balançar de braços, sem pernas nessa de querer brincar de cabelos no vento, sem tronco tremulo e vendido.Calma. Até desativei meus corretores ortográficos, para tal estado de calamidade de consciência que tento não exigir de mim agora não reapareça e coma tudo. Folga. E folga das folgas. Informações mal completadas, itens complexos de tanto serem simples, enchedores de paciência se vão, e eu acredito dever aproveitar desta onda. Temos de aproveitar o tempo enquanto este é pleno para nos enganar com a sopa do perpétuo, da procrastinação, da sensação de que haverá o tempo pelo tempo e só; relógio infinito pra tudo. E a passagem do tempo pode ser crua e excessiva, mas também alívio para as tensões do presente: se pode esticar ele até o futuro e se ver, no pouco que há hoje de si, uma coisa feita e grande para vir a ser. E, no passado, construir e deformar as casas vergonhosas e modestas do que o ego relembra e mói no que é chamado arbitrariamente de “memória” e erguer palácios, igrejas enormes, salões de ouro onde nunca houvera salão nenhum; fazer plágios de poesias a serem escritas; refazer poesias nunca feitas e chamar elas de propriedades, fundas e ricas; recriar princípios morais dos quais nunca fui advogado em quaisquer instantes dessa longa linha de fatos, retroagir dívidas e enganos, transpor as culpas em sacrifícios legítimos... Dizer a palavra sempre, em vez de talvez.


Tempo é petróleo.
Acaba.
Mas e daí, se fingirmos o contrário para usufruir seu maior calor ?

Calma.


Tempo é óleo bruto

quando se acha que acabou tudo, encontra-se mais. Esperança.Pode ser a última jarra,
mas é de se jogar; vir de encontro aos tempos demais. 





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8 de jun. de 2014

Pra valer (RioTietê)

Pra valer (Rio- Tietê)


Em dias assim o rio fica frio
como cactus de águas por dentro e mais nada

Alegre imagino ao punir a cidade com seu desbrio

Mais de um console na realidade
sem redes pra jogar
rio de verdade

rampas num rio concreto
sem ancas

rampas num rio reto
repetido
sem plantas
pousam a mil metros pássaros rasos
e bolhas ...

(O tietê é um rio forte
palavra sem aspas
sem sentido, de boca de doente)

como que caminha devagar sob o luxo dos prédios
(mas é fusco) ...
como caminha devagar no lustre das pressas

é lento assim... leito de fato
rio de verdade, contém o caos


Pra fingir sem cais o nexo de metrópole
de fio chato
sem Seine, sem Volga e sem farol

gargalho de nosso presídio

já de noite some sem azul-marinho nenhum


Desde que vejo o tietê
não o vejo
só reta e lux

seta e luz para longe

e se deita

dieta o medo de estender seus braços, que mais?

O sol se enfeita* para onde vai o Tietê
e persigo teus sonhos limpos,
nossas imaginações.

gea, frio, e nem sol de faca redobra essa água. Faz manha.

disseram nojo no concreto limpo

rampas nos meus olhos de frio
cercados de rio
curiosamente **







*se queixa
**loucamente

Juliano Salustiano







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28 de abr. de 2014

A m a R


Amar.





Amar é topar-se

de frente

em um corredor sem transversais



Só a luz

ferindo de uma casa

cujas janelas mendigam

a todo custo a alvorada



Passa e

Nunca desiste de vê-lo em névoa

embora sempre se deseje evitá-lo



O por

do sol que dá

tantas poesias

não nos dá sequer saída



Música nova

e no dizer puro não é assim

para se dormir juntos, quase sem ecos.





Amar

5 de abr. de 2014




Eu não quero mais

botas

olhares

óculos

lares, por mim atravessando;

tantos olhos

de rios por mim lavando

para quem eu deva de dizer, com dor

atreva me a dizer, de dor

que a amo;

A minha verdade é uma lâmpada acesa no cais:

eu não posso mais entrar no continente,

nem vazar escorregando pelos mangues e limos

como alma penada

ave sem caneta e máquina de escrever

sou cooptado a digitar calado

debaixo das cascas de lastros um novo país

que saiu errado.

Nada de bom que rime obrigado pode ser legítimo

a não ser que meu ódio íntimo

me reobrigue a gritar,

E o teu nome?

chamar-te assim, no meio em luz onde ficou deitada

Amada dor cintilando em baile de branco

seja o moído que não sobre nada

nenhum dos teus dentes incríveis

pra cujos rangeres eu preferi ser surdo

Ou mesmo na alegria, de ti eu não serei sócio -

eu vou fugir com o real amassado nos meus bolsos

sem medo de ser omisso e só te tratar com fel.

Os declives das ideias vão ficar presos só em mim

para maquinar a qualquer raiva que me possua e não divida

brilhante e solitária

que fique o meu tudo que se exploda como tormento diário;

Um regimento a meia bomba

um gemido sem diâmetro no teu peito absoluto

um dia inteiro a te esperar

como se nada fosse curtir com o sol

quero a paixão ébria de te confundir com os vermes

e veja, enxergar em cada nuvem o risco do teu destino

se despindo como a mudança violenta, mas de costume do tempo

e pouco além disso:

Hoje é um dia que eu olho para essas estrelas ...

como me prestam essas estrelas de cacos

e em algum lugar, uma homenagem tua pasta...

e não,

Eu não quero mais.


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3 de fev. de 2014

LU


LU   A



Noite e ela, esfaceladas,

Lu em minha consciência

acende um fósforo em

noite e luar do lado esquerdo da janela de minha faculdade; milhas de

mim.

Sob Lua tenho de dizer, a que sobre ella

uma mujer que eu vi de terror e sombra disfarçadas

fazendo poesia morta para conquista dela tudo, de duas, e três que se misturam:

foi premero Longa e nova,presa e risente

depois broncha,como escova, e longa, seus cabelos, cheia

até os dias da minguada surpreendente de seus nenhuns cachos, afastos

e cortes, morena branca, de cactus nos rostos, cheio de furos

súbitos de quem gargalhava de sumir,

e eu vante por por de trás dela...

e negro em volta,

esperei sair na varanda

para minguar devagar também de suas cadeiras, cabeceiras do teu corpo

Trouxe as brejas e o fumo;

não pitamos -

O gelo não demorou a se derreter

O seu choro largou naturalmente

depois que obrei seu pescoço com escadaria e andaime ...

e eu perguntei se olhos pra quilos eram, tanto peso

Lu, sem maquiagem...nem pra me borrar

nem pra me explicar

com Mirra

o caso de minha língua ter ferido seus tratos

do desespero e censura que faria

talvez riria

ou me assombrasse com a luz dos postes dos caros carros nos olhando

e garfas de cerveja barata

frias como teu pescoço e ombro

frias como teu jeito sem sol

e não conseguir desvirar ela

desvairar ela... a sua sincronia

fria...

em me deixar na cor do dia e a madrugada solitária ,

vindo-se:
 
enquanto eu caminho para tomar o ônibus turvo

nem pra trás eu olho...

nem pra cima eu olho....

que Lu é nova

do outro lado da rua....
 
doce é amar o que se regride....
 
e ficará tudo nublado de repente.






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1 de fev. de 2014

Caça




Caça





Está terminando Janeiro

é tempo de caça às mulatas …

os vestidos já estão quase prontos,

descompridos,

são de vento e tapa sexo

O Seu quadril bem tipado, examinado fica

como pistão de uma máquina a vapor

suada,

seu combustível é a luz vermelha da câmera...

até ficar cansada, todinha, por dentro

a nossa mulata

Vai laçada de corda, cordão frouxo

os cachorros babam e estão soltos

em seus peitos,

ela pois esta livre

no meio do povo

cheio de veneno no olho

querem olhar se é legítima,

querem fotografar...

sabe posar?

Tem dentes tratados no mês de de Dezembro, vê-se.

Brancos.

Unhas dos pés bem feitas como a garra da Águia do México

parceladas;

tem que ter bumbum de ouro também, tem de girar

e o seu cabelo repica no meio de luzes temporárias

e as porcelanas firmes e finas encantam o camarote Brahma

foscos de flashes que lhe fazem cair as lágrimas e fulores no chão

serpentinas teu corpo no chão

serpentinas lustres, dos altos dos sapatos

hão de ser abandonadas com o dia da varreção da conlurb

Até que termine a temporada

e a luz mal paga das roupas cheias de babados

e vassouras e escovas permanentes

cubram seu gingado e se esconda junto com o carro ...



E pedem, devagar, agora, que se vistam suas armações, suas canelas secas

seu gliter sem fome;

os cães retornam às coleiras

sabem que isso não é original pois lamberam tudo;

tem mais caças por fazer

e até a marginália cheira

quando a caça vai-se fora pelo rumo das pacas

com suas duas coxas, duras no escuro sem brilhar,

peida o barulho de escapamento de moto do seu lado e diz: preta! Sobe aí!

Ela aceita, porque a rua é estranha e matagal...

o lugar é tão estreito que melhor não recusar de esquisitos boa fé

e lembra-se da larga avenida

não consegue abrir o sorriso

se retoma de filhos



da falta dos sisos

dos pais mal escolhidos

até se esconder

nas suas fotos de menina-homem

batendo lata e matando frango … no beco do adeus



de molho

de volta

com as chaves de casa

balançando

tique-quicke-tique-quicke-tique-quicke...



ao seu barracão, lá longe

Está terminando Março; e anonimamente ela.
Fonte da Foto:  Jornal Extra Ed Online, 09/03/2012 :

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27 de jan. de 2014

460




460



São Paulo do meu comichão !!!!

quantas areias da minha sunga saudade ;

São Paulo do meu comichão, caminhão

donde Brookfields brotam em árvores augustas

aromas de Cyrelas e Setin

das suas torres de Jacarandás tortas

q se já (se) foram

Perdeu-se a carga da maconha dos protestantes-contrarreforma

e ficaram todos tontos na festa e esqueceu-se...

São paulo comichão da minha vida !

(Minha casinha resiste na vala)

que imito e insisto todos os dias

com as batatas e fendas

Passeio de Breque pela cuidad

que se transtorna com desculpe-me o,

transforma-se, quando piso nela

não sei dizer :

San Pablo com calma e concreto

àquela minha amiga mexicana

nem no dia do seu aniversário .

O meu coração é enorme

e os ratos também

Ainda há sol na cabeça de quem não conseguiu encobri-lo ;

O meu coração é enorme

e os ratos também

repito!!!!

de se soltar o reboco da minha cara – ó !

o rato grande entrou na boca sem dente,

depois de se enrolar na perna do taxista,

a temer o hospício de gente

formada

na capital …

São Paulo

come chão

da minha vida!

Alstons de odds Miragaias e Camargos

e Correas

Margaridas surrando o chão com brocas

quedas

quedaste, São Paulo na minha confusão

São Pablo,

militares no centro

me coço

São Paulo da coça nos hotéis e das onças extintas por cacetes

cassetetes

rugem seus espíritos doidos na lândia das cream crackers

da Helvétia …

São Paulo, comichão da minha vida!

Te parodio toda, para não odiar-te

(Ah! Metrópole!)
 
 
 
 
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20 de jan. de 2014

Gonzaguinha e eu


 
 
 
Hoje percebi que eu queria ter sido o Gonzaga Jr. (sem risos) O homem era um Chico Buarque Chupado, um cão do avesso de feio, magrelo, duro; por isso me identifico; teve uma fase de amargor musical, em que subia demais o tom ao falar dos dramas deste terceiro mundo (coisa que eu discordo) até ir encontrando, frase a frase, o melhor tema para cada acorde. Não, não sou perito; não escrevo livro de crítica musical; estou de LP em LP, na fase rancor ainda, mas por spoiller, assim dizendo em inglês, sei do que virá e será uma das viradas mais fortes que um compositor brasileiro já apresentou.
 
Mais do que isso, Gonzaga conseguiu produzir uma obra que se destaca francamente da de seu pai;  um, inventor de um ritmo que apresentou o Norte ao Sul do Brasil, buscou na itinerância de seu xote, xaxado e Maracatu no Matulão (como o próprio Lua gostava de dizer) a franqueza e a despretensão de uma quase invasão Bárbara naquele Rio do final dos anos 30 . O outro, criado no fixo morro de São Carlos, lugar onde a solução para tudo é apenas sobreviver ... (e assim é em toda periferia) teve na primeira infância a visão sem heroísmo da opressão; depois disso, o internato para "salvá-lo" da malandragem contribuiu para a formação sem esperanças do jovem Gonzaga: o Mundo talvez fosse todo um grande morro a descer...
 
Para piorar os prováveis sintomas persecutórios do artista, nada como uma perseguição real para demolir esperanças. Se em casa as coisas não eram boas, nas ruas o Golpe de 1964 foi o ponto crítico que definiria Gonzaguinha como artista, pelo menos naquele começo mais "folha seca". As opressões foram um Norte em sua vida, enquanto que para o pai, sempre pareceu que os carácteres duros dessa vida precisassem ser transformados sempre em pulsões e projetos artísticos considerados  positivos pela indústria do disco e do rádio e, portanto, "alienados", aos olhos do filho. Eis a querela ai? 
 
O que dá pra inferir  é que o moleque Gonzaguinha teve o tempo necessário para acertar-se com o pai, e esse acerto parece ter vindo muito mais da necessidade de perceber que as relações mundanas, apesar de representarem o nosso diário açoite, não podem se sobrepor às necessidades de movimento humanas típicas do afeto. Sempre me lembro disso quando ouço a clássica "Vida do Viajante", cuja letra trata desse acúmulo de experiências frente a adversidade, não importando o universo natural e externo. 
 
Outra razão para que eu tenha querido sê-lo, no dia de hoje, é o fato desse compositor ossudo em face e bigodes oferecer sempre perguntas, poucas ou nenhuma resposta. E vida ser a palavra mais aclamada e repetida nas suas canções. E até para ela ofereceu a célebre pergunta: O que é, o que é, meu irmão?
 
 
 
 
 
Juliano Salustiano;

Créditos do vídeo ao canal:
 
 
 
 
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11 de jan. de 2014

Estabilizador


Estabilizador


Estabilizador de humor tirou minha criatividade...
deixa a mente limpa
igual a piso de hospital
sempre a ameaça de alguma sujeira
e por debaixo nada;
cera e sabor nenhum
talvez o que deixa alguma criança amarela,
amarelo cor de ovo
cor de novo
vômito, talvez,
onde eu escorrego;
e se limpa de povo em minutos
vai deslizar um outro carrinho nas minhas ideias
cheias de algodão antisséptico
marmitas para doentes, enxovais …
ao passo onde imagino ser mar, guerra e pranto
aventura e histórias grandes,
é puro solo branco com banco
e espera – o apenas –
nenhuma cerveja,
deserto
e sal.



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Mostra

Mostra




Para ver Stanley, eu me mato
porque só posso ser bom
se me lavar em calor de um dia
e admirá-lo em silêncio
que parece que eu inflo
como sapo boi em qualidades de HAL
e dissecar ele
com eletrônicas artes
certas peças finitas
de só quem não possui o lastro
pode sentir gozada em vazar …
sou rico
só de vê-lo
mas onde irá parar Stanley depois de visto?
O que quer o seu cinema defunto?
Minhas camisetas, bottons ou sintaxe rara?
Eu necessito de óculos para admirar
óculos para ofuscar a mim mesmo
que já bem sou nem alma trovejando
e escura num Pathé,
Na neve tropical
eu não posso ser a massa e
devo repetir a si que gosto desse meu amigo ...
Stanley,
mostra pra mim o caminho de casa
e das específicas explicações boçais para o close in life. Rapidinho.





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Manchete





Manchete


Encontrada mulher mantida livre por mais de trinta anos em São Paulo.


















9 de jan. de 2014


O DISCO




No calor urbano de 38 º C
o homem do gelo experimenta o heroísmo
se muito o desejamos vira insulto:
– Água, água, água!
Se o repetirmos,
se divide em cada farolete da cidade e na maldade dos corações defeituosos
quebrantas de negativas, cheias de horror
não ao entregador de panfletos
E como pode se derreter, e se desejar, a essa de sem nenhum ócio
sem saciar-se em tantos prédios,
pregos,
como quem quisesse o pouso em fresco e o risco
em fodido céu
de um frio – o sol. (?)

– Olha a água, dona. Olha o gelo também...

E perseguem um homem preto de sol. 



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