Homem
de Palavra
quando
foi a última vez em que prometeu não se viciar de novo?
Homem
de palavra,
quando
é que vai soltar na mesa esse valete e ir-se embora para casa?
Homem...
homem de palavra...
quando
vai parar de rabiscar passaportes em branco?
E
voltar..
já
quantas vezes prometeu contar para ela,
àquela
uma
história
com
meios mais cheios e infestos de começos
e
não só de fim
da
mão trêmula e vaga
e
que sua boca dormisse apenas depois dos olhos dela,
gente
à luz do abajour em formato de ventre,
e
sob essa luz de um vento grave
solapando
calmo e fole... e ninando o mundo com o grave da pouca voz, também
mugindo,
de bicho
o
sono do anjinho,com beijo líquido na testa,
perto
do lençol em forma de bandeira,
homem-de-palavra?
Poderia
ir na janela
...a
janela que alguém usou para ir embora antes que vissem...
alguém
a usou
antes
que ouvissem.
Um
homem fugiu por ela, outrora
e
palavras...
uma
palavra... também
a
que se vai agora..
A
cortina do quartinho se confunde com uma etiqueta de blusa...presa
ele
as fecha...
a
blusa da menina... branca
a
cortina da janela
e a
jaula da esquina negra,
e
sua boca enorme,
vermelha...
e
sabes que não devesse escrever de novo
'assim
tantas palavras'
e
ficar
permanecer
a tanto custo calado, com medo delas,
que
vivem em sua casa muda.
Muda...
Homem-de-Palavra!
Acha
bonito se encantar com tanto
e se
inalar,
e se
entupir de novo, contanto
de
palavras?
Esse
vai ser o seu último gole;
em
breve, homem di palavra,
muito
em breve estará em sua cela
ainda
sem fôlego do risco de não ter concluído sua penúltima
promessa...
Homem,
que se rendeu ao 'jure'
de
nunca mais ficar de ressaca;
mas
como jurar cansa demais
todos
sabemos,
todos
sabemos também
queste
copo não é água
e o
beiço que o silêncio destrata
é
desse ardente prazer em guardá-la...
E
revirar dos bolsos os pinos
como
um Homem de Palavra
a
dizer-te a última, abafada:
amoreína
corageína
palavras
em falta.
(e
promete parar de querer)