20 de jun. de 2012

Antino

          Fale sobre o sol, distinto
          que o começo já se perdeu de tarde
          Me explica como bate asas, como cheira o mundo
          me explica sem voz, Antino...
          que a voz da Mata segue rouca
          não mais de mata
          mas de vozeado elétrico e de pirar os nervos...
          me esclarece, Antino
         como ficas azulado quando corres perigo
         e infla pra salvar a tua cria rara, me explica...
         e me instrui como depois disso ainda canta como mais fácil delírio
         como se não tivesse sido herói na beira da minha invasora janela,
        minha fedida casa de serra; encosta e fala, Tino!
         como rói tantas madeiras como se essas fossem usadas, das que eu sequer consigo com machado ou   com a serra que deixou no som maldita a tua, a nossa mata?
Me diz, pássaro Antino, por que decides passar quando é simples desejo?
que sempre me surpreende, como faz com teus filhos,
se inchando de vermelho e luz, como ave de vidro... derrubando gravetos, com tamanha ferrugem e voo?
Fale sobre o nó sobrinho
que te amarrei na garra, na pata da armadilha pouca que te fiz
pra te brincar de pipa sem linha,
papagaio que não diz
camaleão de penas,
me diz Antino, pássaro vivo,
deste a que seiva são tuas asas,
e as penas aço fino,
 destino de rios
onde é o teu ninho?
Me diz Antino, 
pássaro chico,

quando será novamente carnaval?

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