30 de jun. de 2012

Casa Comida







CASA COMIDA







Esta casa já foi modificada

e mesmo assim

debaixo dos assoalhos

intraduzíveis

permanece o cheiro...

E não é por falta de que bata sol nas paredes

esse muito há

basta virar-se;

e é muito mais por ser do terreno escuro

esse odor

que não é do pé vermelho de pinho, recém nascido

podado até que secasse...

cujo espírito vive descendo dos quartos

manchando toalhas...

não é...

a causa de que

Tudo o que foi sussurrado já morreu

e só permanece a cor tensa dos mognos;

foram retiradas as imagens santas de porcelana

O senhor morto do andar de cima

e o forro colorido cor arte certeira antiga...

e o que cheira agora é mata fixa, ainda...

que por pensarmos ser poeira

declinamos para debaixo dos nossos braços mesmo

e não abrimos mais...com medo...

e mal

muito de mal, temos ânimo para continuar a revirar mínimos halls

bilhares sob as mesas

durante o frio

e poder soprar de volta para si as cartas jogadas...

faltam paus e pedras no terreno ao lado

e só os abraços dos galhos de espinhos cercam o rio

a cerejeira desenhada, porque sequer temos água

brilha toda sozinha e humilde.

Nossos olhos não choram como ela,

e nem mais se calam na ansia típica de quem se finca

e sem-final,

não há abrigo digno,

se sobram tapetes pra se ficar debaixo,

vivendo

e carcomendo as vigas?







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