9 de dez. de 2011


Manual da Canção do mandamento do Não






Nunca não negar a quem não te quer
e jamais permitir que um sim se troque e enforque,
vestido de louça só pra sentir a náusea de um talvez que surja;
prum abraço aberto
prum riso cantado,
as armadilhas dos beijos mandados
àquela distância
a    q   u e   l   a    d i   s   t                â n c     i        a …

Sentar-se à porta feito um cão
e não vencer a fome, o desejo
será castigo
como perpétuo e mortal deverá ser
todo obtuso cheiro, toda a audácia,
qualquer maldito beijo.

poesia, quando lida por quem não sabe,
em silêncio
(por quem se perdeu sem ter se ido embora)
não conterá poema,
será apenas sequência
manipulada com calma no vento frio.

Tocando os altivos cansados das recusas,
das reclamações,
não será permitido que os deuses possuam
qualquer fadiga em seus ouvidos;
cada homem será o seu próprio senhor, o seu próprio abismo,
qual pra puxar as cortinas comigo
ser tão barato
a ponto que um despejo de socorro se estique por todo o resto,
para que venhas logo no malfindo deste murro
que é nos ossos a dor maior
de estar em isso tudo,
 como enxergamos, e nos cegamos a ermo
equívoco pôr de taças do bom juízo,
 perto no chão da nossa fala.

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