Baía
do Porcos
Bom
dia, dada à luz que pare e traz
atrás
da minha porta o dia novo
que
já não brilha tanto más, de acostume comigo
de
reflexo e sem birra
eu
finjo que não ligo pro que vejo,
não
importa, se é sempre amor.
O
meu cachorro que busca
brinca
no chaco tápria com as patas do dono
rabiscou
com a boca o meu tapete,
levando-me
o jornal,
separou
de mim as notas tão curtas do mundo
A mocinha comendo sorvete
toda
antiga na rua
babando-se
toda, maquiagem malfeita.
O
cego esmolado na calçada
com
seus chicotes morais, castigando-o
vai
balançando a caneca
tentando
me fisgar pro seu lado,
não
importa, se é sempre amor...
Se
é sempre amor,
ainda
que haja tantos gestos, eu me doo por dizer,
saco
um cheque piedoso, pago-o,
danço
em tele-apatia com eles
de
todos os sabores, flocos de alegria
bem
no meio da massa-
e
sem saber seu nome, chamo-a, devoro, me derreto também.
Se cada dama
que
muito fica admirada ca' minha feiura
e
com meu passo carcovado
e
abre bem os olhos, espantada,
eu
me socorro de um asco mais torto
que
o beijo que o queixo me dera,
de
ser outro que rima e come todas
zombar
do espelho, do gosto de fera.
Ninguém
se porta. É sempre amor?
Os maus-tratos do sol quente do dia-meio
que
me deixa suado, que me atrasa
ou
se garoa, que enche meu terno de gotas
rastreadoras
de vontades pôrcas
eu
me dou um jeito e seco à frio
porque
não importa se é mesmo amor.
O casalzinho amassado rente ao muro
com
panfletos novos da verdade do sossego mútuo,
cheios
das promessas que escorrem dos sussurros
alianza,
casa, ouro, futuros dignos,
planos
de quinze minutos,
e
o papel se desloca da cola,
virando
casais moles também, sem ideias...
E
não mais importa, se é sempre amor.
Entro e saio do teatro como quem se molhou na poeira; não vejo peça.
Os
gringos riem do meu sotaque;
eles
montaram na terra que foi minha
e passaram a dizer como eu, com
toda a asneira que vivia nela,
mas
quem se importa , se é somente amor?
E daí te r'encontro
nem
fundo D'Água,
Baía
do mundo,
e
tudo se atrapalha
e
tudo ahora me importa, sem navios, por demais, sim.
E
ninguém me ensinou a sofrer tanto
em
tão pouco tempo-segundo, girando.
Ventiladores
Rodas
de bicicleta,
tudo
novamente...
Quem
se importa, se não é mesmo o mesmo tal do sei-me amor?