31 de ago. de 2012

Falta de Luz, II

Falta de Luz Parte II

Não me adianta o enfeite
é noite
e vestido como confeito porco rastejo
serpentina ilustra o jeito
como bebi tanto
e me debati antes de desistir
e agora sou obrigado a me sentar e ouvir o hino
“Nossa pátria venceu com calor de todo abraço
toda guerra, com a flor da diplomata
e com carinho, sem desterro em seu laço
toda miséria, toda essa dor, eliminada!”
Ilustra a valsa da partida esse grito mouco,
e a cor do teto, caquética-eu
não me torna menos indiferente que a verdade do som do televisor
fora de tempo
o leite transborda
retorno a vida
ao presente que me dou
de ser zica – me aproprio da voz jovem na esperança de que me vingue–
O farol se abre, é preciso eliminá-la...
bebo mais; há três lugares para a poesia:
as minhas ideias nulas, os meus gostos cardios e de luas,
e o lugar-comum
em que removo máximas dos teus olhos,
maquiagem amarga.
Continuo bebendo.
A canção complexa termina
surge uma estrela,
menino preto assim que dribla, o soco no ar,
faço pedidos no vento
é o futebol!
Preceptar o gol, catimba braba.
É a nação do esquecimento
devo esquecê-la também
contente a saber que não vai ser crua a lágrima
nem minha a vitória
dor da margem à ilha alta,
que sou (?)
recrutada da trágica e silenciosa curva
que faz somente por confeito em tudo
ao passo que ranca, parede, unha, escama
a despeito do bailado ritmo
memórias gastas.
Resolutos de amor
a palavra que se forja em lança
e a má palavra,
só ela acolhe sem coletes sem cortes no meio da noite.
É preciso tirá-la da luz
trazê-la à calma
que divulgar o verso pode ser o meio de magoar ele
é preciso ser torto nessa hora;
não chutar,
mas dizer ela aqui dentro
fora do show da nação amante
ser amor pós aurora sem alturas,
tão brilhantante como um olho cego
para relutarmos
e sorrir na cruz.

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