Falta de Luz Parte II
Não me adianta o enfeite
é noite
e vestido como confeito porco
rastejo
serpentina ilustra o jeito
como bebi tanto
e me debati antes de desistir
e agora sou obrigado a me sentar
e ouvir o hino
“Nossa pátria venceu com
calor de todo abraço
toda guerra, com a flor da
diplomata
e com carinho, sem desterro em
seu laço
toda miséria, toda essa dor,
eliminada!”
Ilustra a valsa da partida esse
grito mouco,
e a cor do teto, caquética-eu
não me torna menos indiferente
que a verdade do som do televisor
fora de tempo
o leite transborda
retorno a vida
ao presente que me dou
de ser zica – me aproprio da
voz jovem na esperança de que me vingue–
O farol se abre, é preciso
eliminá-la...
bebo mais; há três lugares
para a poesia:
as minhas ideias nulas, os meus
gostos cardios e de luas,
e o lugar-comum
em que removo máximas dos teus
olhos,
maquiagem amarga.
Continuo bebendo.
A canção complexa termina
surge uma estrela,
menino preto assim que dribla, o
soco no ar,
faço pedidos no vento
é o futebol!
Preceptar o gol, catimba braba.
É a nação do esquecimento
devo esquecê-la também
contente a saber que não vai
ser crua a lágrima
nem minha a vitória
dor da margem à ilha alta,
que sou (?)
recrutada da trágica e
silenciosa curva
que faz somente por confeito em
tudo
ao passo que ranca, parede,
unha, escama
a despeito do bailado ritmo
memórias gastas.
Resolutos de amor
a palavra que se forja em lança
e a má palavra,
só ela acolhe sem coletes sem cortes no
meio da noite.
É preciso tirá-la da luz
trazê-la à calma
que divulgar o verso pode ser o
meio de magoar ele
é preciso ser torto nessa hora;
não chutar,
mas dizer ela aqui dentro
fora do show da nação amante
ser amor pós aurora sem alturas,
tão brilhantante como um olho
cego
para relutarmos
e sorrir na cruz.