9 de jul. de 2012

sem título# 3,5685





O sono é litigioso
lítio-breve
e confuso:
escapa como se meu ar
estivesse com a bexiga danada
ou outra doença porca...
que se vai pelo ar com meu denso patrimônio
e dele não consigo me desfazer;
ninguém é capaz de herdar o amor. Tem-se, ou não.
E esse meu temor diante dos frascos de vidro
que dependurados na nossa vanda
vertem barulhos de sinos,
tintilando bugalhos do que já tomamos para nos esquecer do frio
que batem-batem perfectas
ao vento
murchas e gastas pelo tempo
não se enchem mais:
são como vísceras à venda nas vendas antigas
que a vigilância sanitária fechara as portas
por exposição tão vívida de mortas partes...
Que não nos vigie também e corte o desejo
tal olho de cobra, de cabra , de alma.
Que não nos prenda rente o vão da porta!

O sonho é menos burocrático:
é a margem demasiada dos estreitos;
não há brios
não há riscos sobre as mesas
nem carne em brasa.
Está tudo com sabor de mergulho brando
de Mercúrio a ermo, pino Sol...
estamos fritos...
açúcar mascavo
mascotes de vidro, irreais
o que quiser... um rio salgado se bebe, até...

Eu, alisando-a
a minha lembrança toda inalada;
e antes que acordemos para o mundo
e paguemos o soldo do pouso, estilhaçados em coturnos
mundo vestido de chumbo,
 e mundo tão contuso,
temos algumas horas de ninho
agarrados,
sem precisarmos beber do futuro
e de se ajustar,
a preliminar de se abrir os olhos
em tão violador
e armado arroubo
son'outro,
o de se viver!
(Longe...)

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