21 de mai. de 2013




Mãos

Como aquele deus sentado no tempo
com os olhos cientes em maravilha que já não haviam vidros o bastante
pra se deixar a luz do ilustre brilho de si mesmo
avante, braça avante
cair de contento
e caçou outra, silenciosa e obscura
e as mãos dadas douradas flechas
quatro mãos dadas...
observou assim quando quis este teu braço comigo ser
e salgou à semente sua inveja nódoa
e sendo apenas gente improvável de fundir gravete e tez manca
fez entre os homens merecer teu circo amplo:
Nossa relação é sempre de mão dupla
apesar de você sempre achar
que sou só uma mão na sua
rua
ladeira sem apego
em que vais se embora
e desce
mas a mão tua em mim é o medo
já que sinto-me
vendo-as saindo também
tu e ela, como moças independentes, uma alma minha em cada dedo
Esconda-me do céu para que não me queime aos olhos o sol
e eu possa sombreado passear meu tato em ti
de novo
e não me deixe que eu me sonde e descuide me vendo
indo ao encontro
procurando esconder nas suas entranhas os meus erros discretos
os meus desapontamentos
pra que robusta seja a voz que se falha ao gesto
e talvez um pouco de dor
invejosa e ressentida,
pra que te lembres que me dói tanto
tatua...
Se não pretendo que estejam dadas
e nunca serão
por que tem tu nelas as marcas de pele menos escura
e debaixo das unhas pedaços do homem que tem as mãos finas nas mãos suas, essência mais crua
Segue, segue o meu destino rei à palma
do abandono das líneas que formam um desenho de dois corpos,
ás de espadas :
estamos lutando nele;
você caída
verticulada e infinita
como um ponto,
e eu girando em volta, como satélite do nada.
Sei que fica estranho quando se alonga e se depende
mas que importa quão eventualmente se rima
mão com mão
conheças que eu as preferia atadas
ao vento ou
pela cidade, ou como ilegal escondido em um quarto sem tampa
e as janelas
como o frio do seu não retorno é o único eterno, porém,
me afunda o não, quando torna segurar a blusa,
sinto que devo com vergonha enfaixá-la em bandeira rosa
e esconder meu amor no bolso.
Tive de esticar os pés para fazer parar o táxi.
E Shiva sorriu nesse dia, com o trem do vão do engano dos homens.


 

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