Feriado
I Viagem
A tempestade chegou
é sinal que Outono já está
por ir
Por um fio, todos os
bem-sucedidos
ou mais ou menos
que vão ser sucedidos por
outros mais,
no más do tempo
tentam fugir dessa cidade.
O tráfego vai mal como sempre
só que agora com mais dois
adversários
A Praga da chuva,
dos limpos imundos
e a praga – como se fosse
maior
mágoa pelas águas embora –
a Praga da saudade de ir para
um canto
desconhecido... O desconhecido
sempre das praias, das montanhas mirradas sem ouro,
que já derreteu-se todo
e sem neve, que nunca haviam
tido. Falácia-férias.
Não é possível nem mais
detectar os sorrisos de fuga de nossos antepassados,
nada
O escape ahora é lento, e
demasiado com horas feitas,
à noite, na estrada que dá
para o Litoral
como tantas.
Fogem como se soubessem,
que apesar da chuva cidadã que
vaga,
vagabundeia e cai
sem pressa,
não haverá nada no amanhã
apesar das viradas de tempo.
Todos somos homens do tempo,
e a comunicação é imprecisa
em S. Paulo de Piratininga;
Não se conhece mais os
inimigos, podem estar por toda a parte...
à classe C
de quem sou parte no tempo pelo
nascimento
e pela época do meu país
que o dinheiro mundano
sadicamente expatriou
e carimbou como nação do
rebolado,
resta à classe o sexo com a
esposa à noite
como se fosse o primeiro
suspiro de quem nasce – não tenho
esposa, não tenho noite,
não tenho chuva.
Chovo.
Quero fugir disso! Disso o que
digo é o
de se ter o gosto da língua
para se limpar
e limpar-se todos os dias,
e depois de se dar o último
suspiro
como muitos darão nessa mesma
noite
de se começar a contar no
tempo os vossos próximos desesperos...
São mulheres e homens do tempo
também
na angústia infalível de
serem Brasil.
Mas não vou abandonar ela
São Paulo de Piratininga é a
minha mulher
onde respiro e não me calo
enorme calo,
ao contrário das outras
sempre molhada.
A falta de cocaína me deixa
assim,
mas nessa chuva, nesse feriado
até meu parceiro some.
A boca tranca e não como nada
…
sou Piratininga, peixe seco no
asfalto …
E a viagem vai terminando
O ônibus quase lá, bem aqui
à minha fuga
o lugar de Arte
sem arte alguma, sendo todo
esse poema escrito ao vivo do meu sentimento
que posso dizer da paranoia
minha, menos do que queria
e menos do que meu cérebro,
pensamento de garoa fica, nesse feriado.
II Desembarque
Que posso eu contar pras
antenas do horizonte, quando desembarco ?
Que eu gostaria de ser duro
como essas nuvens agora,
nas vistas parceladas do céu
plano
das coloridas fontes piscantes
da Doutor Arnaldo,
a exatos 19, x Kilômetros de
mim;
aquelas tentações elétricas
que prometi nunca ver com calma
antes de nascer ali mesmo
naquela velha Doutor Arnaldo...
Mas eu chovo
chovo
contrariado (e repetido)
a levar para a cama – coma -
Com desejo e sem alma
todas essas minhas alucinações.
Agora si. Durma- se
Portão fechado. Feriado.
30 - 05 – 2013
0h 25 min.