12 de mai. de 2012

D.O.(R)


DOR

Acontece quando estou sentado e me levanto de repente
Ou quando você vai-se embora, sem aviso
ou daquelas horas que te falo destemido
e mesmo ouço alto, em watts, nos meus fones de ouvido.
Decibéis perturbam
dolores desgraçam. E tu me rói e range, vai lá, adiante.
Eu não posso me mover, que tudo trava;
quando corro ao acaso, direto pro firme, meus seis joelhos
para entenderem tudo o que se passa
até se envergam
e de sentir o agouro, os meus cabelos
os segredos pretos,
se roem, um a um, rum à brasa
errados, com o ponto e o vento em vírgula manca
cabezza avulsa,
quase jorrando escura...
É o medo.

E se vai, inferna e bebe
quebra gravetos e inflama
a casta amarilla garganta
otite velha e cama...
Pedras não cantam
merdas não ouvem
e ficamos assim, descrentes
a menos que sobre o lodo barbituro no cofre
e moedas comprem à flor o truque de se doer tão rouca
como um olhão-pires no dengo da prosa espessa,
que se arranca parte
e se joga sem um coice
à morte.

Eu não quero que se sentes mais ao meu lado, a contraprova.
não me cai solto da rua angústia
do vice e torto
o qualquer abraço...
Em verdade prefiro que volte
e queira levantar primeiro;
prepare e ajeite o que vem:
tenda-dor
ao chão,
a todo custo, inevitável;
canção como fole,
q'outrora fogos no meu peito
chiando agora, enferrujado.
Dor por todo o teu corpo.


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