21 de jan. de 2018

Domingão







Domingão



É dia de acordar
Com a cara dentro do lençol
É dia de lavar o carro e
Deixar o futebol
Bater na laje
Das antenas
O sol
Vencer
O sal do suor
E o churrasco
Maionese e banana na mesa
Bananas conversando besteiras
Almoço, as panelas cheias

É dia de visitar o seu namorado
E pior,
Os pais do seu namorado!
Os domingos dos amantes são os piores
O tempo não corre depois das três
O sono e o mormaço
Absurdo
Não deixam soprar o vento falado
Laranjas e azia
Profilatico
Antiacido na receita
Arruma-se a mochila com dor...
Ruas congestionadas de eventos
E de ar parado
Patins, corre corre, moças sem maquiagem
Tardezinha
Vem sussurrando
Por lembranças da rotina
Nos passos devagares das vizinhas
Visitas indo-se embora
Essas crianças são sacanas demais
A quererem mudar o mundo...
Triturando playgrounds
E pregando peças
No meu tempo a gente
Era diferente
Nós só queríamos devorar o
Domingo com guaraná
Redundantes e sem crime
Pescaria no sofás
Olhos de bebedeira do sábado
À noite
Se parece um chá num copo
Vai escurecendo e amargando
No fundo enjoando de doce melado
Estica e puxa o gosto
Fogos
Algum time foi campeão
Dessa vez foi sofrido dizem
Que de quatro
A três
Nos pênaltis
Com dois a menos. Vai ter placa e facada.
Não tem mais refrigerante ou se tem
Não tem gás
É nós também não ...
Não temos mais saco pra pizza
Tínhamos engolido muitas antes
Hoje, nenhuma
Deve ser este dia uma herança
Do paraíso onde as primeiras cores
Impressionavam por semelhantes olhos
E se pareciam com as únicas coisas feitas
Antes do eterno e nono dia


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