20 de abr. de 2013

Gato


Dedicado a meu cachorro, Hércules

Está na hora de puxar os bigodes do gato

chega de afago!

decidi.



Mas o gato vem sossegado, de longe

com aquele rosto de quem não presta

e não sabe

ser devoto de nada

esconde as garras e serpenteia no pé da mesa

ignora de propósito os meus,

este gato...



Parece ter encarnado esse gato, James Dean,

Dear ingrato, colorido

falsa coral dispersa no seu mato de camurça

ex-meu, de algum punhado de prata que gastei

para provar que mandava no meu reino, minha sala



Gato filhote sempre

sempre aprontando mesmo depois de velho

Vez ou outra captura uma barata

me perdoa, são as andorinhas que nos restaram.



Mais tarde eu trago um mimo da padaria...

porque é mais-que-inespecífico de gosto

um pedigree nem gato das ruas

bate latas, gato-cachorro

nem gato rico, de mulher solteira

gato-gordo;

Tem dentro de si o legítimo compatriota:

Gato pardo, claro, preto

gato malhado

pela contra opinião pública

de ficar em cima do muro, sorrateiro

[resistência eriçada, corrente contínua

é o gato brasileiro]...



Gato estático

na porta do banheiro

me vendo talhar a barba

falsumilde, lamenta silenciosamente

que eu tenha tantos pêlos.

Nem sabia eu,

que o gato tinha

era rinite de mim.





Está na hora de puxar os bigodes do gato

mas, se ele me chega de afago,

decidi?




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