A felicidade chata dos míopes
A
felicidade dos míopes é poder ver um pouco melhor, mesmo os objetos aí e
apareçam por milagre na frente do rosto tenham mais de exótico do que de didático.
e mesmo depois , quando tenham alguma coisa começando pelo tédio , que é
basicamente se ver em que todo mundo se vê., sem piedade, tratado igualinho a
todos que enxergam a mesma comedia e tragédia todos os dias _ tudo fica normal
e é essa melhora fantástica que se da, de se inserir no mundo da fantasia deste
real através de uma simples correção , que é a do ver, ouvir e calar para não
morrer, ou ainda o do ver e de cobiçar em silencio uma coisa linda que jamais
tinha sido notada ... Deixando vazar entre uma gíria e outra uma canção seca de
quem por inveja ali não iria estar. É assim ser míope, é saber que poder vir a
enxergar tudo vai deixar tudo de uma vez mais confuso e que as lentes. Ah, as lentes
são na real os maiores escudos contra o que as vistas incorrigíveis deste mudo
têm de mais comum.
É
por isso que não querem saber dos exames; é por isso que hesitam quanto as
melhores óticas da quebrada, ou até sobre os melhores cirurgiões oculares da
cidade.... É aí o preço o de menos. Verdade é que eles não querem ver o que eu
vejo, é isso claro por demais. Não têm desejo de fazer parte desta máfia do ver
com os olhos fixo, rijos, ignorantes e descontentes como numa estação de metrô.
A luz baixa da feira depois da uma hora, a balança corrompida do vendedor , as
meninas vendendo os seus corpos de frango novos, os corpos esquecidos no chão depois
da escultura de vários projéteis aleatórios ... Nada disso vai interessar a
quem no íntimo percebe que o notar de veras mesmo é ver só um tico com um fundo
bendito de garrafas é o bastante para tecer com raiva contida a opinião de que
Não se quer enxergar ou participar .Ajeita os óculos e segue a marcha feia;
caso um absurdo surpreenda de um jeito a atacar o estômago no seu trabalho imperceptível,
saca-as também , qual fossem as lentes tudo ,ficando meio zarolho ao meio de
toda a luz , essa daí única entidade respeitável dentre as cores e os valores
sem valor específico, impostos pela existência. Que se perca mais um ônibus por
não saber o letreiro, ou que se passe por blasé numa conferência daqueles
conhecidos de sempre, padaria ou calçada. Mas que se ganhe, portanto, vida
serena nos intervalos programados do pânico em que insistem ser aquela nos
quais o mundo simplesmente explode. Embaçado.
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