8 de jun. de 2014

Pra valer (RioTietê)

Pra valer (Rio- Tietê)


Em dias assim o rio fica frio
como cactus de águas por dentro e mais nada

Alegre imagino ao punir a cidade com seu desbrio

Mais de um console na realidade
sem redes pra jogar
rio de verdade

rampas num rio concreto
sem ancas

rampas num rio reto
repetido
sem plantas
pousam a mil metros pássaros rasos
e bolhas ...

(O tietê é um rio forte
palavra sem aspas
sem sentido, de boca de doente)

como que caminha devagar sob o luxo dos prédios
(mas é fusco) ...
como caminha devagar no lustre das pressas

é lento assim... leito de fato
rio de verdade, contém o caos


Pra fingir sem cais o nexo de metrópole
de fio chato
sem Seine, sem Volga e sem farol

gargalho de nosso presídio

já de noite some sem azul-marinho nenhum


Desde que vejo o tietê
não o vejo
só reta e lux

seta e luz para longe

e se deita

dieta o medo de estender seus braços, que mais?

O sol se enfeita* para onde vai o Tietê
e persigo teus sonhos limpos,
nossas imaginações.

gea, frio, e nem sol de faca redobra essa água. Faz manha.

disseram nojo no concreto limpo

rampas nos meus olhos de frio
cercados de rio
curiosamente **







*se queixa
**loucamente

Juliano Salustiano







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