Esse
ódio é do tamanho do meu dedo indicador
de
carne, rijo, não se dobra a quem convém
E,
ao invés de apontá-lo em sua cara
com
despeito e mágoa,
soltei
uma de ferro que vazou teu corpo
E
foi-se embora
Varando
como se fosse nada,
Esse
ódio
do
tamanho do meu dedo é aço.
Podia-se
tentar um dedo de prosa,
ou
muitos deles nos grossos fios de pelos
removendo
cada peste e fragmento imundo
guardados
a sós, nós, em cadeiras comuns
e
sem ressentir, vinha tudo em paz
num
estalar deles
Mas
esse ódio
de
tamanho mínimo
é
osso.
que
há muito tempo fica tremendo a mandar no gatilho
e
se acovarda na varanda dos filhos, para que não vejam
e
a linda moça à espera tirando a cor antiga com arma química
a
lógica da armada, inútil coro de amor à rajada
Indigna
escória
o
único barulho que se vai em música,
que
nem choro
vai
abafando
é
o estalar deste dedos com a máquina brava
que
reproduz, num segundo, tantas pragas iluminadas
e
a única cor que decorei em meus olhos
É
do meu dedo escuro de pólvora
e
dum outro aparando a lágrima. Unhas vermelhas.