11 de out. de 2012

Lar do Oscilar II

Lar do oscilar
é estar deitado na rede
enquanto se caminha o universo desconfiado
com medo de cair no fogo;
o meu recreio, como sempre,
é falar o quanto balanço
vendo o mar de azeite, ora
e vezes de perfume caro
e ter a costa de refúgio esquisito
cheio de suor
para quem tem água e terra dentro do mesmo barco:
se tiro o naufrágio da inundação e ponho longe a causa
de casa, amigo
com baldes e rápido como um santo que se doutrina são
ou se salto para fora do afogado e procuro o chão firme
é tudo cair em areias minhas e só
fugir da minha tempestade,
ou abraçar minha secura e renegar o secreto e curvo de ondas
de ondas
de ondas
de ondas minhas, salgadas
é de se crer que eu não esteja enjoado de mim
nem do si, que fui tu outrora
e agora sou eu mesmo de volta;
é bom saber que o falar assim também oscila na nossa língua
às vezes se torcendo em nada,
às vezes desaparecendo sem que nos ouçam na mesma história
marinheiro ruim e náufrago...
Lar do Oscilar é achar o relógio muy vago
que volta sempre antes de mim pro mesmo canto
e ainda bem sorri quando faltam quinze para as duas do meu eterno atraso...

(...continua, oscilando)

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